Caso Letycia: júri popular pode ser adiado após pedido da defesa
Júlia Alves 08/07/2025 12:59 - Atualizado em 08/07/2025 13:04
Caso Letycia
Caso Letycia / Reprodução
O júri popular do caso Letycia Peixoto está suspenso após a defesa do acusado de ser o intermediário do crime entrar com uma medida de incidente de desaforamento para tentar tirar o julgamento de Campos, onde aconteceu o crime, e levar para ser julgado em outra cidade. A informação foi confirmada pelo advogado da família da vítima, Márcio Marques, que ressaltou ainda sobre a possibilidade do julgamento ser adiado novamente. Essa é a segunda vez que a defesa envia um pedido para a Justiça. Dessa vez, ela argumenta que a mídia local pode influenciar na decisão do júri devido a repercussão do crime.
Após mais de dois anos, o julgamento dos três réus envolvidos no assassinato de Letycia e do bebê Hugo estava marcado para acontecer no dia 30 de julho, onde seriam julgados o condutor da moto, o executor dos tiros e o intermediário do crime. Anteriormente, o júri estava marcado para o dia 21 de maio.
Márcio explica que o pedido foi iniciado novamente pela defesa no final do mês passado. “A defesa do intermediário entrou com esse pedido sob o pretexto de que a mídia em Campos está massificando demais o caso e que esse excesso de cobertura pela imprensa, no entendimento deles, poderia tirar a imparcialidade dos jurados, já que será composto por cidadãos campistas. Isso não procede, porque nós temos inúmeros casos no Brasil que tiveram repercussão nacional também e mesmo assim não foi desaforado”, comenta.
O advogado da família aponta ainda uma outra explicação, no ponto de vista dele, para esse novo pedido da defesa. “Esse argumento da defesa colocando a culpa na imprensa não vai dar razão para eles conseguirem o desaforamento. Então, como a gente já sabe que esse tipo de argumento não tem êxito no tribunal, só tiramos uma conclusão dessa manobra defensiva. Eles estão tentando ganhar tempo para ver se dá para julgar os recursos do mandante em Brasília e poder trazer ele para dentro do processo. O que parece é que a defesa do intermediário quer que o mandante esteja no mesmo julgamento e que não seja julgado separadamente”, explicou.
Ele esclarece que, como o mandante do crime entrou com dois recursos anteriormente, isso acabou provocando o desmembramento do julgamento, fazendo com que ele não seja julgado junto com os outros três envolvidos.
“Por isso íamos fazer apenas o julgamento do condutor da moto, o executor e o intermediário, porque o mandante entrou com dois recursos para Brasília e, com isso, o processo teve que ser desmembrado. Então, provavelmente pode ser que não dê tempo de julgar esse desaforamento e o júri do dia 30 seja remarcado novamente. Mas, se por ventura, acontecer uma exceção e julgarem esse desaforamento em tempo hábil, antes do dia 30, pode ser que o júri também aconteça no dia 30”, disse Márcio.
O caso
No dia, Letycia estava no carro da empresa em que trabalhava conversando com sua mãe, que estava do lado de fora do veículo, na rua Simeão Scheremeth, próximo à Arthur Bernardes, quando, por volta das 21h, as duas foram surpreendidas por dois homens em uma moto.
O carona disparou diversos tiros na direção da gestante, que foi atingida na face, no ombro, na mão esquerda e no tórax. A mãe de Letycia, por instinto, chegou a correr em direção aos criminosos, momento em que foi atingida na perna esquerda. Câmeras de segurança flagraram o momento do assassinato.
Também no momento do crime, Letycia deixava a tia-avó Simone Peixoto, de 50 anos, em casa, após um passeio de carro que fazia sempre com ela para acalmá-la. No banco do carona, Simone, que tem Síndrome de Down, ficou coberta de sangue e a família diz que ela chora o tempo inteiro. Segundo o tio de Letycia, eles chegaram a pensar que a Simone havia sido baleada, mas se tratava de grande quantidade de sangue de Letycia após ser atingida.
As duas foram socorridas pelo tio da gestante e levadas para o Hospital Ferreira Machado (HFM), onde Letycia morreu logo após dar entrada. Uma cesariana de emergência foi realizada e o bebê transferido para a UTI neonatal da Beneficência Portuguesa, mas ele não resistiu e morreu horas depois. Já a mãe da gestante foi atendida, fez exames e recebeu alta. 

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