*Felipe Fernandes
09/07/2025 08:12 - Atualizado em 09/07/2025 08:12
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Filme: F1: O filme - Eu sou de uma geração que teve como um trauma de infância a morte de Ayrton Senna. Aquele luto coletivo, por uma pessoa que eu não conhecia era incompreensível, mas totalmente palpável e doloroso.
Nunca fui um fã de automobilismo em geral, mas sempre gostei das histórias. Cresci ouvindo das bocas de meu pai e de meu tio, histórias em que nada era dito sobre os carros, eram histórias de pilotos, que se enfrentavam em embates diretos.
Talvez por isso eu tenha um apresso por obras que tratem de automobilismo. Mesmo assim, um filme sobre esse universo da Fórmula 1 não me chamou atenção, até descobrir o nome do diretor do projeto, Joseph Kosinski. Responsável pelo incrível Top Gun: Maverick, a ideia de ter aquela experiência levada para as pistas me animou, como aquelas histórias contadas no passado e que se perderam com o tempo.
Me chama a atenção a similaridade com o passado. Após fazer Top gun, o falecido diretor Tony Scott fez “Dias de trovão”, um filme sobre automobilismo que repetiu sua parceria com o astro Tom Cruise. Algo similar acontece aqui, sem o retorno de Cruise, mas com Brad Pitt, ator contemporâneo de Cruise.
Se os filmes da década de 80 tratam de jovens talentosos e egocêntricos, sem medo do perigo, lidando com diversas questões, F1 traz como protagonista a exata descrição do protagonista oitentista, mas agora mais velho lidando com a maldição de ser extremamente habilidoso e experiente, mas sem nunca ter alcançado seu verdadeiro potencial.
Considerado por muitos como um esporte (eu não considero, mas é inegável que os pilotos sejam atletas), o filme traz essa dinâmica de filme de esporte pra narrar uma história de superação e velocidade, que ganha força no conflito entre os dois pilotos da escuderia.
O outro claro, é um jovem talentoso e egocêntrico, que através desse conflito de gerações e egos, vão precisar se acertar par salvar a equipe de ser vendida.
É uma receitinha de bolo, está tudo ali. Nós já assistimos esse filme antes, mas como é tudo tão bem realizado, que nos empolga a cada curva, a cada decisão.
Tecnicamente o filme é impressionante, consegue nos transportar pra dentro dos carros, transmitindo a sensação de alta velocidade, algo que as transmissões de tv nunca conseguiram sequer chegar perto. O som do filme, a montagem, os efeitos, é uma engrenagem brilhante que constrói uma experiência sensorial poderosa. É filme pra assistir na maior tela de cinema que você encontrar.
É muito interessante os bastidores da categoria, passando pelos testes dos carros, as melhorias tecnológicas, a relação entre as equipes e dentro delas. Por mais que seja romantizado, passa a grandiosidade da categoria e o investimento pesado que as equipes fazem.
O filme conta com um bom elenco, a química entre Brad Pitt e Damson Idris fortalece a competitividade, me lembrando dos grandes confrontos da história da F1. O jovem talentoso e egocêntrico, contra a ex-promessa, um homem calejado, rebelde, que usa todos os truques e brechas da regra para competir. Uma clássica história de superação de esportista, mas dentro de carros de corrida.
Fórmula 1 é um filmão. Ainda que previsível, consegue empolgar, te fazer sentir o perigo da pista, a tensão da corrida, narrando uma história que funciona demais. Kosinski conseguiu de novo, realizou uma experiência cinematográfica poderosa. Muito se fala no fim do cinema enquanto experiência coletiva, Kosinski está na contramão dessa galera, fazendo por onde manter viva a experiência da sala de cinema.