Mais uma história de superação, repleta de emoções e conquistas. Carlos Fabiano, estudante de 51 anos, retomou seus estudos no Colégio Estadual José do Patrocínio, de Campos, após ter abandonado a mesma instituição de ensino há mais de 20 anos.

De volta às salas de aula na modalidade Educação de Jovens e Adultos (EJA), ele foi aprovado, neste ano, na prova do Segunda Chance, uma iniciativa da Secretaria de Estado de Educação (Seeduc-RJ), que possibilita aos alunos concluir os estudos e vislumbrar novas oportunidades, aumentando o acesso à educação para todos os estudantes.

A renovação de matrícula para estudantes da EJA termina nesta quarta-feira (9) e deve ser feita pelo site matriculafacil.rj.gov.br. Já as inscrições para novos alunos se iniciam no próximo dia 21 e também devem ser realizadas no Matrícula Fácil.

— Eu vi esta oportunidade e fiz de tudo para conseguir um bom resultado. Foi muita dedicação e força de vontade. Na adolescência, eu era muito teimoso, e ninguém chegou pra mim para conversar e me orientar sobre a importância da escola. Tive pais excepcionais e, hoje, vejo como tudo podia ser diferente. Mas agora tenho uma nova chance — afirmou Carlos Fabiano.

A história do estudante de Campos é diferente da maioria das que são vistas na rede estadual. Boa parte de seu Ensino Fundamental foi realizada na rede particular, com o apoio dos pais. Carlos repetiu o 7º ano três vezes, mas se esforçou e chegou a passar para o Colégio Militar. Como não conseguiu fazer a inscrição, retornou a Campos, onde se matriculou no Colégio Estadual José do Patrocínio, já com 25 anos. Ele acabou casando e não concluiu os estudos na época. Para sobreviver, tornou-se motorista de táxi. Até que ele percebeu que poderia ter um futuro melhor, retornando à antiga instituição de ensino.

— É uma grande alegria termos grandes histórias em nossa escola, como a do Carlos Fabiano, que é um exemplo de liderança, pelo seu comprometimento e dedicação. O que ele conseguiu agora é fruto deste compromisso dele com os estudos. A Educação de Jovens e Adultos é um recomeço, uma prova de que as pessoas podem acreditar, refazendo suas histórias — declarou Flávia Rodrigues da Silva, que está na direção da unidade desde 2020.

E não é apenas a diretora que está orgulhosa do desempenho destacado de seu aluno. Na escola, Carlos Fabiano já é um exemplo para todos. Os professores não escondem a alegria com o resultado deste aluno tão especial.

— O Carlos é um dos grandes exemplos de superação que temos na rede. Sempre foi muito comprometido e dedicado. Nós já víamos um potencial diferente nele. Ele retornou à escola com muita garra e vontade de dar certo e provou, não só para ele, mas para todos nós, que não existe tempo nem idade para realizarmos nossos sonhos. A educação tem esse poder, contribuindo para que o aluno possa acreditar cada vez mais em si mesmo — comentou Marcelle Ribeiro do Amaral, professora de Língua Portuguesa.

A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é de suma importância para a promoção da igualdade de oportunidades e a redução das desigualdades sociais. Muitas pessoas enfrentam dificuldades para concluir sua formação escolar na idade regular, seja por questões sociais, econômicas ou pessoais.

— A escola é o portal da transformação, e sabemos bem dos desafios que enfrentamos ao longo da vida. Este é um programa muito especial, criado com muito carinho, uma oportunidade única para promover mudanças significativas na vida de nossos estudantes — destacou a secretária de Estado de Educação, Roberta Barreto.

Orgulhoso com seu desempenho, Carlos Fabiano contou com a ajuda de seus filhos para retomar seus sonhos. A filha está se formando no Instituto Federal Fluminense, para se tornar professora de Matemática. Já o filho cursa o 9º ano do Ensino Fundamental. E agora, com esse bom resultado, ele sonha em entrar na faculdade de Veterinária.

— Não tenho como descrever a emoção de ter conseguido essa aprovação. Retornei, pois precisava preencher um vazio que estava minha vida, tanto profissional quanto pessoal. Tenho certeza de que tudo vai melhorar — disse Carlos Fabiano.