Memória de 1964. Presos políticos em Campos eram levados para Niterói
Saulo Pessanha 02/08/2025 08:39 - Atualizado em 02/08/2025 11:15

É muito possível que na leitura do livro seja encontrada a citação de nomes de campistas, já que, no período de vigência do golpe militar, presos políticos em Campos eram levados para Niterói, então capital do antigo Estado do Rio de Janeiro.
Daí que vale conferir as páginas do livro "Niterói na época da Ditadura", do jornalista Anderson Madeira, e que já está na segunda edição lançado pela editora carioca Matanoia.
TEMIDO DOPS
No período do golpe, Niterói tornou-se sede do Departamento de Ordem Política e Social, o temido Dops, e o Ginásio Caio Martins, em Icaraí, foi o primeiro estádio nas Américas usado como presídio político.

Para escrever o livro, o que demandou um trabalho de três anos, Anderson Madeira fez muita pesquisa e muitas entrevistas. O autor ouviu sobreviventes do período, entre os quais ex-presos políticos.
No livro, Anderson lembra que no dia 1º de abril de 1964, depois das tropas do General Mourão Filho terem marchado de Minas Gerais para o Rio de Janeiro, e derrubado o presidente João Goulart, o deputado estadual Afonso Celso Nogueira Monteiro discursou nas escadarias da Assembleia Legislativa, no centro de Niterói, então capital do RJ.
Era o começo da resistência no recém-instaurado golpe militar, deflagrado na véspera. Depois, Afonso Celso Monteiro foi preso e torturado.
Recentemente, o Globo publicou matéria admitindo que Niterói abrigou outros presídios e casas de tortura, principalmente na Região Oceânica, que, na década de 60, tinha muitas propriedades isoladas, como sítios.
CENTRO DE RESISTÊNCIA 
A explicação é que, como havia marchas no Rio de Janeiro em apoio ao golpe, Niterói se tornou um centro de resistência para militantes de esquerda.
O jornalista Anderson Madeira foi reconhecido com a Medalha Escritor José Cândido de Carvalho pela Câmara Municipal de Niterói, em setembro de 2019. Também recebeu a Medalha do Mérito Legislativo pelo mesmo trabalho.

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