Presidência do PT em Campos: Jefferson Manhães e Danilo Dutra em debate
Aluysio Abreu Barbosa, Cláudio Nogueira, Gabriel Torres e Hevertton Luna 05/07/2025 08:24 - Atualizado em 05/07/2025 08:24
Jefferson de Azevedo e Danilo Dutra
Jefferson de Azevedo e Danilo Dutra
Os candidatos à presidência do Partido dos Trabalhadores (PT) em Campos, Danilo Dutra, assessor do Sindipetro-NF, e Jefferson Manhães, professor e ex-reitor do IFF, foram os entrevistados do programa Folha no Ar, da rádio Folha FM 98,3, nesta sexta-feira (4). Durante a entrevista, ambos apresentaram suas propostas para o futuro do partido, cuja eleição interna será realizada neste domingo (6). Os presidenciáveis também debateram formas de aproximar o PT do eleitorado campista, além de comentarem a atual situação do governo Lula e sua relação com o Congresso Nacional. A conversa ainda abordou o cenário político para as eleições de 2026, com destaque para as disputas ao Legislativo estadual, ao Governo do Estado e ao Senado.

Por que votar em Danilo Dutra?

Danilo – “A gente entende que mais do que renovar, a gente precisa fortalecer. E o caminho que a gente apresenta para fortalecer esse partido é uma integração ainda maior com esses movimentos sociais que já se referenciam no PT. Para que a gente consiga pensar a cidade, montar um programa que a sociedade de Campos consiga se envolver.”
“Pela conjuntura que se deu ali em 2017, passando logo depois do impeachment da Dilma, governo Temer, governo Bolsonaro. Eu estava na UFF naquele momento, envolvido no movimento estudantil, já foi colocada uma posição de diálogo, de construir pontes com todos esses movimentos sociais. E passaram 8 anos de contribuição, tanto na secretaria de Juventude do partido e hoje na tesouraria, fui colocado nessa posição de articular, de estar pensando pra cima, de criar os consensos necessários pra fortalecer o PT e apontar esse caminho que será bastante difícil as eleições aqui em Campos.”
“Todo esse grupo que me acompanha entende que eu sou essa pessoa para criar esse consenso, essa ponte, entendendo todo o peso, a importância da liderança do professor Jefferson, dos companheiros que estão na outra chapa e fortalecer o nosso partido aqui em Campos.”

Por que votar em Jefferson?

Jefferson – “Sou filiado ao Partido dos Trabalhadores e das Trabalhadoras há 32 anos. Eu saí do seminário católico e a primeira coisa que eu fiz, com todo o ardor da juventude, com a vontade de transformar o mundo, de melhorar, de cuidar das pessoas, de ajudar a minha cidade a melhorar, eu via no Partido dos Trabalhadores nesse caminho.”
“O Partido dos Trabalhadores hoje, infelizmente, ele não é visto pelos mais pobres, pelos mais simples, pelos trabalhadores que estão hoje de maneira informal, buscando o seu lugar ao sol, sem nenhuma proteção social, se colocando em risco nas suas atividades. O PT não está sendo percebido por essas pessoas como aquele que tem que estar ao seu lado, representando as suas dores. Mas propondo mudanças estruturais nessa cidade.”
“Tem muita gente que quer participar do PT e tem muito petista que desistiu de estar junto no cotidiano do partido. E a gente quer atrair novamente essas pessoas para que a gente tenha não só um bom programa, mas para que os melhores quadros dessa cidade estejam em sintonia, organicamente articulados.”

Diálogo do PT com eleitorado em Campos

Danilo – “Tenho refletido muito nessas últimas campanhas, principalmente no ano passado. Que a campanha municipal, a gente viaja tudo. Posso dizer com toda segurança, o PT nunca saiu dessas bases, não caiu nesses lugares na figura dos seus filiados.”
“Nosso povo ficou tão massacrado, teve tantas dificuldades, que o foco maior era na própria sobrevivência. As pessoas estavam tão preocupadas, não tinham tempo, não tinham como pensar a política. Então quando a gente vai para as ruas e encontra as pessoas, percebe que as pessoas têm referência no PT.”

Jefferson – “Hoje nós temos um investimento só na área social do Bolsa Família de meio bilhão de reais por ano. São 60 mil famílias atendidas, 150 mil pessoas, porque 30% dos campistas estão na extrema pobreza. E eu faço um desafio. Qual é o setor produtivo hoje que teria condição de empregar 60 mil pessoas. O que seria de Campos sem meio bilhão de reais do governo federal, injetado diretamente para fazer compras no supermercado, comprar remédios na farmácia, para poder circular nesse comércio?”
“O nosso partido não foi visto como aquele que, de fato, representa. É o que mais faz por esse Brasil, é o que mais investiu em Campos. Eu faço um desafio aqui. Qual foi o presidente que mais investiu em Campos dos Goytacazes? Me levanta o nome, e eu não tenho dúvida, foi o presidente Lula, foi a presidente Dilma.”

Disputas nacional e estadual do PT

Danilo – “Meu candidato à presidência nacional, Edinho Silva, tem demonstrado a todo momento e falado muito algo que eu concordo plenamente e tento trazer essa realidade para o Campos. O fortalecimento da instância partidária. Você vê que em alguns momentos de crise que passou no passado, os mandatos parlamentares acabaram tendo uma preponderância perante a instância partidária. Isso não pode acontecer.”
“Nós do Rio de Janeiro somos parte fundamental do tabuleiro eleitoral de 2026. Então, o Partido dos Trabalhadores não pode ter dúvidas, não pode titubear de qual é o nosso programa, da importância do governo Lula. A gente sabe que o nicho nordeste é um nicho eleitoral forte do Partido dos Trabalhadores, mas o sudeste não. Isso passa por uma eleição forte, um partido forte aqui no Rio de Janeiro.”

Jefferson – “Defendo e que as pessoas precisam votar, seja presidente nacional ou presidente estadual, em um PT que vai programaticamente resgatar as bandeiras utópicas que nos fundou, que apresente um futuro, que seja um futuro que fortaleça a sociedade, que fortaleça as pessoas e não um PT chapa branca. Nós temos que tensionar com a força e tenho certeza que dessa maneira nós estamos trazendo um grande benefício para a população e para o governo do presidente Lula.”
“Queremos um PT que se articule com os partidos progressistas, com os movimentos sociais, as universidades, os cientistas, os professores e com todos aqueles que defendem uma saúde pública, defendem uma agricultura forte, para que a gente possa ter pautas do Partido dos Trabalhadores que levem este governo mais para o centro-esquerda e não para esse movimento que nós estamos assistindo hoje.”

Lula 3 e relacionamento com o Congresso

Danilo – “O tema central é que país a gente quer. É muito claro que a discussão do IOF é um plano de fundo sobre quem paga as contas públicas, como é que a gente ajusta essas contas públicas. E desde o processo de transição do outro governo para esse governo, o Haddad tem feito um processo muito forte para falar da reforma tributária, para falar de tornar o imposto de renda mais justo, para falar de uma valorização do salário mínimo. Então a discussão real, concreta, o real tema não é uma disputa de governo ou congresso, é qual o país a gente quer.”
“Se a gente olha pro passado, vê que o Lula sabe ganhar a eleição e as pessoas confiam nele porque sabe conduzir o país. Ele é um líder muito sereno, identificado com a esquerda, comprometido com as pautas de esquerdas, mas sabe fazer uma articulação em prol da população brasileira.”

Jefferson – “O que está em jogo hoje é que o governo, acertadamente, e nisso ele está ganhando as redes. O governo agora está ganhando as redes. Os progressistas estão ganhando as redes. Porque nós queremos mostrar quem tem que pagar a conta é quem não paga imposto. Nós já pagamos muito imposto. Eu pago 27% do meu salário de imposto. Eu recebo na fonte.”
“Tem que cobrar de quem não paga. Porque se todo mundo paga, fica leve pra todo mundo, igual você em uma festa. Se você vai em uma festa, eu levo o salgadinho, o outro leva o refrigerante, o outro leva o sorvete, todo mundo se esbanja. Agora, se eu vou pra uma festa, só eu levo o salgadinho e os outros só vão comer, aí vai faltar pra todo mundo. Não é correto isso.”

Pesquisas eleitorais para 2026

Danilo – “Tem voto que é do Lula e tem voto que é do candidato de direita e tem mais um terço aí que está flutuando. É o fiel da balança para conquistar a eleição. E o Brasil já é assim há um tempo. Então, a pesquisa retrata isso, mostra que o jogo está aberto. Pelo menos, está tudo dentro da margem de erro, então nos coloca em uma disputa de sociedade que é esse público mais arisco à política, um público que está mais afastado.”
“Uma questão que está muito bem colocada para nós fazer uma disputa concreta da sociedade. Concordo plenamente com o Jefferson. O governo está sintonizado no discurso, está bem amarrado. Nos próximos meses a gente vai ver um crescimento nas pesquisas. Porque as pessoas vão sentir firmeza, vão sentir que o governo está dialogando com as suas pautas. Então, não tenho qualquer dúvida que a bola está no nosso pé. É só saber jogar.”

Jefferson – “Há uma realidade que mostra que o discurso da extrema direita está tendo mais eficácia. E quando você, de fato, chega lá no supermercado, no cotidiano, de fato a nossa vida é uma vida mais desafiadora. Mas se a gente comparar, por exemplo, o quanto o alimento aumentou no governo anterior e o quanto teve de reajuste agora, a gente vê diferenças muito claras.
“Nós temos hoje desafios enormes nesse país e o governo não conseguiu se liberar das amarras que esse Congresso vem colocando. Isso é um dos sintomas. Então, eu acho que agora o governo está apresentando o tom, está tirando o véu do que de fato está ocorrendo. Infelizmente, as redes sociais, elas estão com seus algoritmos mais ajustados para o discurso do ódio, do bizarro, da mentira.

Eleição para governador para 2026

Danilo – “A grande dúvida é se vai ser resolvida em primeiro turno ou não. Acho que tem uma segurança muito grande para o Eduardo Paes e por uma série de motivos. Ele é um grande articulador também, o Rodrigo é um articulador, mas o Eduardo Paes não fica atrás dele. Tem entregas, é prefeito da capital, está bem avaliado ali naquela região e tem um histórico de disputas. Então acho que o recorde eleitoral dele é muito grande e sendo apoiado pelo PT.”
“Naturalmente o peso da máquina do governo é gigantesco. Se a gente pega o Cláudio Castro, ele não estava na primeira prateleira da política fluminense, mas após a venda da Cedae, ele faz uma articulação legal e ilegal, cabe à justiça definir, e consegue uma eleição muito boa. Consegue ser bem votado em várias cidades e garante a eleição dele, coloca ele nesse local. Acho que o Rodrigo Bacellar vai tentar fazer a mesma estratégia. Tem conversa de privatizar o que resta da Cedae.”

Jefferson – “Vamos estar na linha de frente para eleger o Eduardo Paes governador desse estado. Eu não tenho dúvida nenhuma. Essa é a linha que o Partido dos Trabalhadores tem localmente, do ponto de vista estadual e com certeza no nível nacional. A relação do Eduardo Paes com o governo do presidente Lula é muito firme, muito forte e o Eduardo Paes vem fazendo um bom governo historicamente no município do Rio de Janeiro.”
“Não vai ser uma eleição fácil. Acho que a questão não é se vai ganhar no primeiro ou no segundo turno, até porque, como o próprio Danilo apontou, nós tivemos muitas surpresas aqui. Witzel eu acho que é o fenômeno de 2018, que não vai se repetir. Porém, ninguém acreditava que o Cláudio Castro ia ganhar no primeiro turno. Acreditava que ele ia ganhar, mas que não no primeiro turno.”

Disputa para senador e deputado

Danilo - “A Bené é algo que estimula muito a militância. Eu, particularmente, coloco ela muito próximo de referência petista que a gente tem do Lula e do Dirceu. Porque a primeira vez que eu a conheci, lembro que eu tentei falar com ela e a língua rolou na boca, fiquei nervoso, mão suada. Porque, caramba, é a Benedita. Eu vi a Benedita em livro de história quando eu tava estudando. E aí posso chamar de companheira hoje e ter a oportunidade de votar para o Senado acho que é muito importante para nós.”
“Defendo que a nossa região precisa ter candidatura. A gente tem uma experiência muito positiva com o Zé Maria, que foi candidato a deputado federal e é daqui de Campos. Em 2018 fez 5.600 votos e depois cresceu para 7.700. Isso demonstra que o campista quer votar em gente de Campos. E tem voto de esquerda, tem voto de petista aqui na cidade.”

Jefferson – “Vou estar com a bandeirinha, com camisa, vou estar fazendo campanha para Benedita. Ela incorpora, ela encarna aquilo que a gente acredita. Uma mulher negra, de comunidade, da favela, empregada doméstica e que tem uma ascensão com a consciência crítica. Foi governadora desse estado, deputada federal. Toda pessoa que olha para a Benedita diz o seguinte, ela simboliza o Partido dos Trabalhadores, a parte que a gente se orgulha, dos trabalhadores aqui no Rio de Janeiro.”
“Nós precisamos dessas diferentes vozes sendo ecoadas na Assembleia Legislativa, mas também no parlamento federal e ajudando o presidente Lula a governar o país no outro quadriênio. Então, nós vamos estar aqui construindo quadros importantes, mas é o partido que vai definir ao longo desse tempo. Vou defender que as vozes do interior estejam também representadas.”

 

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