Ingrid Silva
13/11/2025 12:23 - Atualizado em 13/11/2025 13:33
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Um novo desabamento foi registrado no Solar da Fazenda Mandiquera, patrimônio histórico de Quissamã, que já sofreu alguns desabamentos há mais de 10 anos. Em 2006, foi instaurada uma Ação Civil Pública pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) para apurar o caso do imóvel, assim como peças relevantes que teriam desaparecido do local. Desta vez, o alvo foi uma estrutura metálica construída pela prefeitura do município em 2009 para proteger o patrimônio, que desabou sobre o palacete no último dia 15 de outubro.
Novo desabamento é registrado no Solar da Fazenda Mandiquera, em Quissamã
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O imóvel é particular e tombado pelo Estado do Rio de Janeiro através do Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac) e de uma mobilização popular. O patrimônio é de significativa importância para o patrimônio cultural, tanto pela sua arquitetura quanto pela história, que é ligada ao período áureo do açúcar na região. O solar também foi visitado pelo Imperador D. Pedro II em 1877.
No local, por estar desprotegido, o palacete corre ainda mais risco, como foram em outras vezes antes da proteção metálica ser instalada, em que ventos fortes desabaram partes do patrimônio. Nas imagens, é possível ver algumas árvores também caídas próximo ao local.
A situação atual já foi peticionada nos autos da Ação Civil Pública, informando o novo desabamento, além do falecimento de um dos réus, que seria o proprietário. A Folha entrou em contato com a Prefeitura de Quissamã e com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), mas aguarda um retorno.
Novo desabamento é registrado no Solar da Fazenda Mandiquera, em Quissamã
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O caso
Tudo começou a partir de uma denúncia do Inepac no sentido de que peças de relevância arquitetônica, histórica e cultural, integrantes do conjunto da obra, como a sereia do chafariz e a grade de 4111 ferro do portão, teriam desaparecido, como relatado na petição da ação.
Neste contexto, o Ministério Público ajuizou a ação cautelar em epígrafe, baseada no inquérito civil instaurado munido de relatório de vistoria do Inepac e noticia jornalística, visando a "abstenção da dilapidação do patrimônio da fazenda por seu proprietário".
Como observado no relatório, as condições de conservação das alvenarias, forros, revestimentos, peças de madeira, pinturas e pisos, são péssimas devido à falta de manutenção, infiltrações, quebra de peças não substituídas, manchas, mofos, cupins, entre outros, como também citado na petição. Inclusive, em algumas partes foi constatado, pelos peritos, risco de desabamento e colapso.
Depois de deferida a liminar na ação cautelar, resta agora o ajuizamento da presente ação com vistas a determinar a proteção efetiva do bem, sua restauração e a adoção das medidas cabíveis pelas autoridades responsáveis. Também estão sendos procurados os herdeiros do proprietário do imóvel, que faleceu em maio deste ano.