Pássaro não visto no estado do Rio de Janeiro havia 20 anos é fotografado em Campos
Matheus Berriel 15/08/2025 16:22 - Atualizado em 15/08/2025 16:42
Sabiá-pimenta foi localizado no Parque Estadual do Desengano
Sabiá-pimenta foi localizado no Parque Estadual do Desengano / Foto: Samir Mansur/Divulgação
Situado em Campos, São Fidélis e Santa Maria Madalena, o Parque Estadual do Desengano abriga uma rica fauna. Mais uma comprovação disso foi obtida com a localização do Sabiá-pimenta, tipo de pássaro que não era visto no estado do Rio de Janeiro havia 20 anos.
Atualmente funcionário do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), o biólogo João Rafael Marins foi o responsável pela descoberta, em 2015, durante pesquisa para o seu doutorado. Porém, o registro só foi divulgado no início deste ano, após a devida compilação de dados referentes ao pássaro. Na época do avistamento, João Rafael era funcionário do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), pelo qual foi cofundador do programa Vem Passarinhar, que fomenta a prática da observação de aves em unidades estaduais de conservação do Rio de Janeiro. 
—  O João Rafael Marins localizou o Sabiá-pimenta em 2015, mas ainda nao tinha conseguido entregar seus dados. Por conta disso, a gente ainda nao tinha divulgado as informações. No começo do ano, ele liberou que a gente postasse. E em junho, nós levamos o programa Vem Passarinhar para o ponto onde esse pássaro havia sido encontrado e conseguimos fazer novos registros — informou o fotógrafo Samir Mansur, coordenador do Vem Passarinhar.
Com nome científico Carpornis melanocephala, o Sabiá-pimenta é uma ave de cabeça preta azulada e plumagem do corpo esverdeada. Trata-se de um pássaro típico da Mata Atlântica, ocorrendo do Sul ao Nordeste do Brasil, mas considerado vulnerável pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). Segundo o Inea, o animal habita florestas primárias de restinga baixa, vivendo principalmente nas copas das árvores; e prefere se alimentar dos frutos da palmeira-juçara.
Outra espécie que chamou a atenção dos participantes do Vem Passarinhar em junho foi o Tangará-rajado (Machaeropterus regulus), também endêmico da Mata Atlântica. Sua distribuição geográfica abrange os estados de Rio de Janeiro, Espírito Sato, Minas Gerais e Bahia, mas seu avistamento é raro nas florestas fluminenses. O Tangará-rajado visto no Desengano é um macho, identificável pela coroa e a nuca vermelhas, características ausentes nas fêmeas.
— O reencontro dessas espécies em Campos dos Goytacazes representa uma grande vitória para o Inea, que, com esforços contínuos, promove o reflorestamento e a conservação da fauna e flora do Rio de Janeiro — comentou o secretário estadual de Ambiente e Sustentabilidade, Bernardo Rossi.

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