De janeiro a 15 de novembro deste ano, foram registrados 2.016 acidentes envolvendo colisões e capotagens de veículos, além de quedas de moto, no município de Campos. Os dados são do Corpo de Bombeiros do Estado do Rio de Janeiro (CBMERJ), sem contabilizar ainda os atropelamentos. Além desses registros do CBMERJ, três homens morreram após acidentes de trânsito no município entre os dias 15 e 18 deste mês.

Um deles foi Guilherme Maurício Sabino Miranda, que morreu no Hospital Ferreira Machado (HFM) após 23 dias internado ao sofrer acidente de moto em outubro deste ano. Os meses de outubro e novembro registraram grande número de graves acidentes na cidade já que, segundo dados da Folha da Manhã, foram dez ocorrências que resultaram em mortes, incluindo também atropelamentos como o de uma criança de 5 anos na Baixada Campista no dia 24 de outubro.

Outra vítima foi Erick Monteiro Gonçalves, de apenas 18 anos, que morreu em um grave acidente no domingo (16) na RJ 216, em Santo Amaro, na Baixada Campista. Segundo o Comando de Policiamento Rodoviário Estadual (CPRv), a vítima estava em um carro de autoescola quando perdeu o controle da direção e colidiu com uma árvore.

No último final de semana, José Sady morreu no HFM onde estava internado há mais de um mês. O acidente dele foi um tanto quanto inusitado: Sady passava de bicicleta elétrica pela Avenida Alberto Lamego quando uma pessoa abriu a porta de um carro e acidentalmente atingiu o homem. O acidente foi registrado por uma câmera de monitoramento e a pessoa prestou socorro. Sady foi levado para o hospital, mas não resistiu aos ferimentos.

Outro acidente que chamou a atenção na cidade foi o que envolveu uma van de transporte alternativo e um caminhão no dia 29 de outubro na BR 101, na altura de Travessão. Dez pessoas ficaram feridas e duas morreram horas depois. Duas vítimas seguem internadas no HFM, uma no Centro de Terapia Intensiva (CTI) e outra em observação na Clínica Ortopédica. O motorista do caminhão foi ouvido na delegacia depois de fugir do local, onde foi constatado que ele não possuía Carteira Nacional de Habilitação (CNH) apesar de ser maior de idade. O inquérito foi concluído e ele deverá responder por homicídio culposo na direção de veículo automotor.

Em dados disponibilizados pelo HFM, deram entrada na unidade por acidentes de trânsito, incluindo atropelamentos, 1.903 pessoas de janeiro a maio deste ano. Os acidentes envolvendo moto lideram o ranking com números em cada mês sempre acima de 100. A unidade não conseguiu disponibilizar os dados após maio devido a uma troca que está acontecendo no sistema interno. Mas segundo levantamento em registros pelo site do Folha 1, aconteceram mais 103 acidentes em Campos de junho até 20 de novembro. É importante ressaltar que o hospital também recebe pacientes de outros locais da região e, por isso, alguns dados podem não bater com os do CBMERJ, que disponibilizaram dados apenas da planície goitacá.

As bicicletas elétricas passaram de uma solução de mobilidade e conforto para o centro das discussões sobre segurança viária. Cada vez mais presentes nas ciclovias e até nas ruas de Campos, esses veículos agora levantam preocupações. Apesar de haver regulamentação, os usuários muitas vezes não conhecem as regras ou simplesmente não seguem. Assim, contribuem para o aumento no número de acidentes, que se tornaram recorrentes no município.

No último dia 11, dois acidentes envolvendo bicicleta elétrica foram registrados em pontos distintos de Campos. Na RJ 216, a colisão foi com um carro na altura do Parque Imperial e deixou uma adolescente de 16 anos e um jovem de 20 feridos. Ele foi arremessado para longe e a menina ficou presa entre os veículos. Já na Avenida XV de Novembro, a colisão foi com uma moto, onde um casal ficou ferido. As quatro vítimas foram socorridas para o HFM.

Para o instrutor de trânsito do Sest Senat, Eduardo Lugão, os principais fatores de risco para a causa de acidentes são o desconhecimento da legislação de trânsito, a falta de conhecimento em direção defensiva e a própria irresponsabilidade do usuário. Ele diz ainda que falta os usuários colocaram em prática as normas estabelecidas para o uso desse tipo de veículo, defendendo ainda a aplicação da educação de trânsito nas escolas para formar novos cidadãos mais conscientes.

“As bicicletas elétricas e veículos autopropelido podem circular nas ciclovias e ciclofaixas, desde que não ultrapasse em 20 km por hora. Acima dessa velocidade deverá circular pelas vias, no lado direito, respeitando as demais regras de circulação. Já a circulação dos ciclomotores é exclusiva nas vias públicas”, explica.

Eduardo cita ainda algumas medidas importantes para evitar acidentes, além de respeitar a sinalização viária e não andar na contramão.

“Três ações são importantes para a diminuição de acidente, a curto prazo uma fiscalização ostensiva e presente na via, a médio prazo cursos de capacitação, palestras, campanhas e a longo prazo a educação nas escolas”, comentou.

A Guarda Civil de Campos informou em nota que o município acompanha as ocorrências envolvendo bicicletas elétricas autopropelidas. “A corporação reforça ainda que bicicletas elétricas autopropelidas não necessitam de licenciamento nem habilitação, e o uso de capacete é recomendado, porém não obrigatório”, disse a nota.

Sobre o número de acidentes envolvendo esse veículo, o HFM informou que não tem dados com separação para atendimentos relacionados a bicicletas convencionais para elétricas. (I.S) (J.A)