Einstein, pai da física, e sua passagem pelo Brasil
Dora Paula Paes 26/05/2025 15:04 - Atualizado em 26/05/2025 15:04
Reprodução


Prêmio Nobel de Física em 1921 por explicar o efeito fotoelétrico, que descreve como certos materiais emitem elétrons quando expostos à luz, em 4 de maio 1925, desembarcava no Rio de Janeiro, o ícone da ciência Albert Einstein. Sua primeira e única temporada no Brasil acaba de completar 100 anos, porém,  seus relatos e impressões ficaram registrados em diário, assim como o encantamento com o céu do território brasileiro. Bom deixar claro, que em 1887, o efeito fotoelétrico foi visto pela primeira vez em um experimento realizado pelo físico alemão Heinrich Hertz, enquanto ele estudava a natureza eletromagnética da luz.

“Chegada ao Rio ao pôr do sol, com clima esplêndido. Em primeiro plano, ilhas de granito de formato fantástico. A umidade produz um efeito misterioso”, escreveu ele em seu diário de viagem, no dia da chegada, que se transformou em matéria especial da Agência Brasil, com vasto teor histórico.

Pelo levantamento, o físico já havia pisado em solo brasileiro no dia 21 de março, por algumas horas, durante a parada do navio que o levava a Buenos Aires, na Argentina. Mas a breve temporada brasileira foi reservada para o final da sua incursão de um mês e meio pela América do Sul, que incluiu também uma passagem por Montevideo, no Uruguai.
Nesta viagem, o objetivo era divulgar e discutir a recém verificada Teoria da Relatividade com estudiosos sul-americanos, mas também fazer conexões com as comunidades judaicas e alemãs, em meio à escalada de poder do Partido Nazista. Uma evidência disso é que a viagem foi organizada e financiada por organizações judaicas, com o apoio de instituições científicas.

Einstein passou sete dias no Rio de Janeiro, então capital do Brasil, e, além de se encontrar com seus compatriotas, visitou instituições como a Fundação Oswaldo Cruz, o Museu Nacional e o Observatório Nacional, e fez duas grandes palestras públicas, uma na Academia Brasileira de Ciências e outra no Clube de Engenharia. A maior contribuição da visita para a ciência brasileira, na opinião do professor do Museu de Astronomia e Ciências Afins (Mast), Alfredo Tolmasquim, foi o incentivo para as chamadas “ciências puras”, que ainda engatinhavam no país.

“O Brasil teve uma influência positivista muito grande no Século 19, e essa corrente defendia que o importante é utilizar a ciência para a melhoria da sociedade, e não fazer pesquisas que eles consideravam como um proselitismo inútil. Então, o início do Século 20 é o período em que justamente começa a vir o movimento que eles chamavam de “ciência pura”, que eram as pesquisas em ciência básica. Pra gente ter uma ideia, nessa época, a única universidade que a gente tinha era uma junção das escolas de engenharia, medicina e direito”, explica o professor do Mast.

“A gente não pode dizer que uma visita de uma semana do Einstein foi capaz de mudar a realidade brasileira. Não foi. Já era algo que estava acontecendo, mas ele contribuiu para esse debate”, complementa Tolmasquim que, em 2011, lançou a obra Einstein: o viajante da relatividade na América do Sul, com a tradução dos diários escritos por Einstein durante a viagem, e a contextualização sobre o cenário científico do Brasil na época.

Essa “lacuna” de pesquisadores avançados nas ciências básicas teve um resultado curioso: Einstein acabou mais interessado por assuntos alheios à física, como peças de história natural exibidas no Museu Nacional, e o trabalho do psiquiatra Juliano Moreira, que revolucionou o atendimento aos “alienados mentais” e combateu ferozmente a tese de que a mestiçagem poderia resultar em desequilíbrio mental, e outras teorias racistas. À convite de Moreira, Einstein visitou o então manicômio que o médico dirigia e conheceu as oficinas terapêuticas que ele implementou.
O ilustre visitante também se entusiasmou com as iniciativas para popularizar a ciência no país.

Dívida com o Brasil - A viagem também serviu para que Einstein conhecesse pessoas essenciais para a sua trajetória. “Ele se tornou mundialmente famoso a partir de 1919, quando houve a comprovação de um aspecto da Teoria da Relatividade, que é o desvio da luz. A prova foi obtida aqui no Brasil, durante um eclipse observado em Sobral, no Ceará”, conta Tolmasquim.
No dia 9 de maio, em visita ao Observatório Nacional, ele conheceu o diretor da instituição Henrique Morize, que liderou a expedição a Sobral seis anos antes, e também os astrônomos envolvidos com o trabalho e, diante deles, reconheceu:
“O problema que a minha mente imaginou foi resolvido aqui no céu do Brasil”, disse Albert Einstein.
Primeiros avanços da energia fotovoltaica

Hoje, quando se visita a viagem do pai da física, Albert Einstein ao Brasil, seu trabalho tem conexão com o mundo globalizado e os avanços para produção de eletricidade. No momento, a busca é por fontes renováveis e uma delas é a energia solar fotovoltaica, que vem se popularizando, principalmente, no país. Sem o trabalho de Einstein, talvez não tivéssemos a tecnologia de painéis solares como conhecemos. O Portal Solar, por exemplo, explica que "o efeito fotoelétrico e o efeito fotovoltaico estão relacionados, pois ambos envolvem a interação da luz com materiais, resultando na geração de corrente elétrica. No entanto, eles diferem em termos de mecanismos e aplicações específicas".

O ramo de energia solar no Brasil tem se tornado cada vez maior, servindo de exemplo para o mundo. Em números, no ano de 2023, por exemplo, a fonte solar teve acréscimo de 3 gigawatts à matriz energética brasileira, segundo o Ministério de Minas e Energia, como mais de 18 mil usinas solares instaladas em território nacional.

Ao final de 2024, a produção de energia solar no Brasil superou 50 gigawatts de capacidade instalada. O número representa quase 21% da matriz elétrica brasileira, segundo a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar).

ÚLTIMAS NOTÍCIAS