Curiosidades: busca frenética por fontes de energia
Dora Paula Paes 24/05/2025 08:38 - Atualizado em 24/05/2025 08:38
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A busca por fontes de energia é frenética em todo o mundo desde os primórdios da humanidade. No hiato do tempo são várias as curiosidades. A primeira fonte de geração de energia é ainda usada nos dias de hoje: o alimento. A força muscular foi a principal fonte de energia utilizada pelo homem. Há cerca de apenas 400 mil anos ocorreu o primeiro avanço tecnológico, o uso do fogo e de utensílios para a caça e a pesca. Com o tempo, passou-se a usar a energia eólica (vento), a energia hidráulica (da água) e dos músculos dos animais domesticados. E o avanço segue com vários testes. No Japão, até mesmo um simples passo pode se transformar em eletricidade. O xixi, excremento humano, também é fonte de estudo e existem fontes polêmicas como as turfas na Irlanda, também encontradas em Campos.
A ideia de converter todos os passos diários em energia elétrica partiu de Laurence Kemball-Cook, ainda como universitário, na Inglaterra. Para isso, ele criou um piso feito para transformar a energia mecânica dos passos em energia elétrica. Cada placa pode captar sete watts por pisada e a energia gerada pode ser usada para diversos fins. Em cidades densamente povoadas como Tóquio, blocos inteligentes nas calçadas capturam a energia cinética do caminhar das pessoas e a convertem em energia elétrica. O Brasil também teve sua experiência com a energia cinética.
Em 2014, os moradores do Morro da Mineira, no Catumbi, zona central do Rio de Janeiro, pisaram em um campo de futebol, dentro de um teste. Sob o gramado foram instaladas 200 placas de energia cinética que, conjugadas a painéis de energia solar, as placas geraram energia a partir da movimentação dos jogadores no gramado. Na ocasião, o projeto foi uma parceria da prefeitura do Rio, por meio do Programa Rio + Social, do Instituto Pereira Passos, e da empresa de energia Shell. Hoje, essa tecnologia vem se espalhando pelo mundo, transformando playgrounds, quadras e calçadas em verdadeiras fontes de energia sustentável.
O efeito piezoelétrico provém dos idos de 1880. Porém, apenas nas décadas de 40 e 50, o Japão e a URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas) desenvolveram as primeiras cerâmicas piezoelétricas que conseguiram converter a energia mecânica da pressão sobre os cristais das placas que deslocam cargas elétricas e assim gerando energia. No caso do Japão, cada passo é suficiente para acender até 10 lâmpadas por 20 segundos.
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A Irlanda usa a turfa encontrada em Campos

A busca por soluções que visem levar energia limpa com baixos custos aos locais mais remotos da Terra não para, porém algumas soluções esbarram na questão ambiental. No início dos anos 2000, também na Inglaterra, cientistas, por exemplo, usaram tecnologia para produção de eletricidade a partir das bactérias contidas no xixi. Neste caso, produzir energia a partir da urina não é exatamente uma novidade. O que difere este projeto são outros fatores, como: praticidade, eficiência e custos. De acordo com os cientistas, há baixo custo e a emissão é zero de gases de efeito estufa.
Na Irlanda, por exemplo, durante décadas, a turfa foi a principal fonte de energia do país, mas a preservação das turfeiras é importante para a proteção do clima. Durante pelo menos 1000 anos, a Irlanda tem confiado na sua abundância de turfa para tudo: desde aromatizar o seu uísque até aquecer os seus lares, por ser barata, abundante e fácil de extrair. Mesmo com tanto a seu favor, o país está a considerar a energia eólica como alternativa renovável no futuro. Os estudiosos apontam que a turfa é também um sumidouro de carbono extremamente eficiente. Isto significa que absorve mais CO2 da atmosfera do que emite e, por isso, está muito longe de ser uma fonte de energia limpa.
O historiador, professor e ambientalista, Arthur Soffiati, também dá uma aula quando o assunto é turfa, para quem desconhece. A matéria orgânica, semi-fossilizada e de fácil combustão, também pode ser encontrada em determinadas áreas do município de Campos. Quem ainda tem na lembrança o cheiro de fumaça no ar na cidade, principalmente nos anos de 2014 e 2015, anos muito secos?. Era turfa queimando no solo.
“A turfa é o meio caminho entre o ser vivo e o petróleo. Este já se transformou em líquido. A turfa ainda é matéria sólida. Existe muito no norte da Lagoa Feia. A turfa também ocorre na restinga de Jurubatiba, segundo Alberto Ribeiro Lamego (geógrafo e geólogo brasileiro). Lá, ela não pode ser explorada porque agora existe o Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba. Fora do Parque, a exploração da turfa para fins energéticos tem sido criticada por ser um petróleo que ainda não virou petróleo, gerando assim gases do efeito-estufa. Quando o solo fica muito seco por falta de chuva, a turfa tende a pegar fogo facilmente”, explica Soffiati.
Soffiati lembra, por exemplo, que José Maurício Linhares, então secretário de Energia do Estado, esboçou um plano, considerado por ele como duvidoso de exploração desse material, mas não o levou adiante. “Duas questões: o plano da Irlanda não deve ser débil. É preciso ver também se a Irlanda é pobre em outras fontes. O Brasil tem muitas fontes renováveis de energia. O aproveitamento da turfa teria que ser muito bem planejado aqui”, afirma.

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