Multicampeão migrou para o ciclismo de estrada em 2024
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Foto: Reprodução/Instagram
Em sua 80ª edição, a Prova Ciclístiva São Salvador terá um nome de expressão internacional entre os participantes. Bicampeão mundial de mountain bike maratona e praticante do ciclismo de estrada profissionalmente desde o ano passado, o experiente Henrique Avancini está confirmado na categoria elite masculina. O evento vai acontecer na próxima quarta-feira (6), em Campos, reunindo atletas em mais de 30 categorias. As baterias de elite masculina e feminina começam às 10h20 e 10h23, em frente à Câmara Municipal — mesmo local da chegada.
Natural de Petrópolis, Henrique Avancini tem 36 anos e é o ciclista mais vitorioso da história do mountain bike no Brasil. No mountain bike maratona, foi campeão mundial em 2018, na Itália, e 2023, na Escócia. No short track, ficou com o vice-campeonato mundial em 2021, novamente em solo italiano, além de ter conquistado etapas da Copa do Mundo, quatro títulos pan-americanos, um sul-americano e um brasileiro. Já no cross country olímpico, foi campeão nacional em 17 oportunidades, venceu etapas da Copa do Mundo e se tornou o primeiro brasileiro a liderar o ranking mundial. Sua migração para o ciclismo de estrada ocorreu em 2024, cancelando a aposentadoria para integrar a equipe Factor Racing, da Eslovênia.
Criada em 1945 por José Antônio Ferraiouli — o Patesko —, a Prova São Salvador é a competição ciclística do Brasil com maior número de edições e a mais longeva a ser realizada de forma ininterrupta. Só deixou de acontecer uma vez, em 2020, em razão da pandemia da Covid-19. Há vários anos, a organização é realizada pelo ciclista master Afonso Celso Pacheco, com chancela da Confederação Brasileira (CBC) e da Federação de Ciclismo do Estado do Rio de Janeiro (Fecierj). Tradicionalmente, o evento acontece no dia 6 de agosto, feriado municipal em celebração ao Santíssimo Salvador, padroeiro de Campos.
Promover sessões públicas de filmes infantis em São Fidélis. Essa é a proposta central do projeto "Cinema em Movimento", realizado há pouco mais de dois anos por Dalcy Telles Nogueira Soares Júnior. Profissional autônomo do ramo de filmagens, ele conta com apoio de empresários locais para levar cultura e entretenimento a grande parcela da população fidelense, especialmente crianças e adolescentes de bairros vulneráveis e localidades do interior. Doações da população possibilitam distribuição de pipoca, refrigerante e picolés, além de sorteios de brindes.
— O projeto só existe porque a própria população e alguns empresários da cidade abraçaram. Não temos apoio do poder público. Quando eu comecei, muitas pessoas desacreditaram, mas hoje estão vendo aonde esse projeto está chegando. Fazer o bem para as pessoas não tem preço, tem valor — afirma Dalcy Júnior.
As sessões acontecem duas vezes por mês, sempre em locais diferentes. A próxima está marcada para as 19h desta sexta-feira (1º), em frente à creche do bairro Jonas de Almeida e Silva (Chatuba). Desde a primeira edição, o cinema itinerante já passou por localidades como Valão dos Milagres, Cambiasca, Colônia, Valão de Areia, Boa Esperança, Angelim, Pureza, Usina Pureza, Ernesto Machado, Palmital, entre outras. Quase todos os bairros da sede do município também foram contemplados.
Para cada sessão, Dalcy seleciona filmes disponibilizados gratuitamentes no YouTube. Estes são projetados em um telão ambulante, adaptado ao seu carro por meio de uma carrocinha. Com apoio de moradores, cadeiras são colocadas em local a céu aberto para acomodar o público, quase sempre superior a 60 pessoas.
Ciclo de Conferências Folha Seca vai acontecer nos dias 6, 13, 20 e 27 de agosto
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Foto: Divulgação
Nas próximas quatro quartas-feiras (6, 13, 20 e 27 de agosto), sempre às 18h30, a sede da Academia Campista de Letras (ACL) abrirá suas portas para o futebol. Histórias relacionadas aos quatro clubes profissionais da cidade — Americano, Goytacaz, Rio Branco e Campos Atlético — serão temas de mesas-redondas no Ciclo de Conferências Folha Seca - Memórias do Futebol Campista. A coordenação é do fotógrafo e jornalista Wellington Cordeiro, com supervisão-geral do presidente da ACL, o poeta Ronaldo Junior. Entrada gratuita.
— Trata-se de reconhecer o futebol como um patrimônio imaterial campista, que une bairros, famílias e gerações inteiras em torno de paixões, memórias e sonhos — afirma Wellington Cordeiro. Ele foi o idealizador do evento, tendo como inspiração um ciclo de palestras da Academia Brasileira de Letras (ABL) sobre Flamengo, Fluminense, Vasco e Botafogo, no ano passado.
O título do ciclo de conferências da ACL homenageia o campista Didi, bicampeão mundial pela Seleção Brasileira, fazendo alusão ao mais famoso estilo de chute por ele realizado. Outra homenagem póstuma será prestada ao jornalista Péris Ribeiro, também campista e autor do livro "Didi, o gênio da Folha-Seca", cuja segunda edição recebeu o Prêmio João Saldanha, da Associação de Cronistas Esportivos do Estado do Rio de Janeiro (Acerj), na categoria literatura, em 2011.
Programação:
06/08, às 18h30 - Mesa-redonda "Americano, Americano, eu me orgulho em ser seu torcedor", com o jornalista e escritor Cássio Peixoto, o jornalista Matheus Berriel (este que vos escreve) e o escitor, jornalista e ex-jogador Magno Prisco;
13/08, às 18h30 - Mesa-redonda "Campos Atlético, campeão do meu coração", com os jornalistas Gabriel Torres e Paulo Renato Porto, e o escritor Márcio de Aquino
20/08, às 18h30 - Mesa-redonda "Sou Goytacaz, sou Goytacaz até morrer", com os jornalistas Léo Púglia, Rhyann Souza e Leandro Nunes, este, atual vice-presidente do clube;
27/08, às 18h30 - Mesa-redonda "Sou Rio Branco, um clube que tem glória e tradição", com o radialista Arnaldo Garcia, o pesquisador João Pimentel e o ex-jogador Demerval Manhães.
Péris publicou três edições do livro 'Didi, o gênio da Folha-Seca'
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Fotos: Reprodução
O jornalista e escritor campista Péris Ribeiro será lembrado na noite deste sábado (26) pelo Botafogo, com um minuto de silêncio, no Estádio Nilton Santos. A lista de homenagens póstumas a serem realizadas pelo Glorioso antes da partida contra o Corinthians inclui o nome de Péris. Ele foi o biógrafo do craque Didi, ídolo do clube e bicampeão mundial pela Seleção Brasileira.
Esta não será a única homenagem em memória de Péris na 17ª rodada do Campeonato Brasileiro. Clube do jornalista desde a infância, o Flamengo exibirá uma foto sua com a camisa rubro-negra no telão do Maracanã, neste domingo (27), antes do jogo com o Atlético Mineiro, às 20h30.
Quando Botafogo e Corinthians entrarem em campo neste sábado, às 18h30, Péris também estará sendo lembrado em uma cerimônia religiosa em Campos. A missa pelo sétimo dia do seu falecimento está marcada para o mesmo horário, na Paróquia Sagrado Coração de Jesus, no Parque Riachuelo.
Com mais de 50 anos de atuação no jornalismo esportivo, Péris Ribeiro morreu na noite do último domingo (20), aos 80 anos. Ele estava internado no Hospital Dr. Beda II, onde tratava pneumonia e um quadro de água na pleura. Durante a carreira, Péris trabalhou nos jornais "A Notícia" e Folha da Manhã, em Campos, tendo se destacado nacionalmente na revista "Placar", a principal do jornalismo esportivo no Brasil. Como escritor, publicou três edições do livro "Didi, o gênio da Folha-Seca", recebendo pela segunda o Prêmio João Saldanha na categoria literatura, em cerimônia promovida pela ACERJ na sede do Botafogo, em 2011. Também escreveu "O Brasil e as Copas" e "Em Cima do Lance", além de ter deixado o livro póstumo "Mensagens da Bola", a ser publicado em parceria com o radialista Elso Venâncio.
Começou nessa quinta-feira (24) e termina nesta sexta (25) a edição do projeto Cidennf Cultural em São Fidélis. Acontecendo no distrito de Pureza, o evento engloba sessões de cinema e apresentações artísticas gratuitas, oferecidas pelo Consórcio Público Intermunicipal de Desenvolvimento do Norte e Noroeste Fluminense, com apoio do Ministério da Cultura e da secretaria municipal de Cultura e Turismo.
Na programação dessa quinta-feira, o público pôde conferir uma apresentação da Corporação Musical Edson Ferreira de Oliveira (Comefo); contação de história com a Tia Letícia, da secretaria municipal de Educação; e a exibição do filme infantil "Peixonauta". A Comefo voltará a se apresentar nesta sexta, às 18h30, seguida por uma apresentação do Studio de Dança Alexandre Genázio, às 19h; a leitura dramatizada "Albatroz - O silêncio das marés", pelo ator e poeta Valdemy Braga, às 19h15; uma roda de conversa sobre processos criativos em dança e teatro, às 19h50; e a exibição do filme "Chacrinha - O Velho Guerreiro", às 20h10. Assim como ocorreu na quinta, a União Fidelense de Artesãos também fará uma feira de artesanato nesta sexta, a partir das 18h.
Membro da Academia Fidelense de Letras, Valdemy Braga enxerga o Cidennf Cultural como uma oportunidade para o aprofundamento em temas sensíveis, mas fortementes presentes na sociedade.
— Sugeri fazermos uma roda de conversa, comigo e a Alexandra Genázio, para falarmos do processo criativo, motivarmos a produção artística no interior, falarmos como funciona o empreendimento dentro da arte. Essa roda de conversa vai acontecer logo após a aprsentação do estúdio da Alexandra e o espetáculo "Albatroz", em que eu faço uma conversa entre os clássicos "O Navio Negreiro", de Castro Alves, e "Hamlet", de Shakespeare — explica Valdemy, que assina a dramaturgia, a direção e a performance do espetáculo. — Tento contextualizar temas como racismo, preconceito, contando uma história dentro de uma piscina cheia de caixa de remédios. Falo desse mundo virtual, de inteligência artificial; critico um pouco esse lugar tão imediatista que temos vivido, sem paciência, sem tempo para realmente termos uma imersão nas relações; discuto muito a sociedade; e pontuo os funkeiros como os grandes cronistas sociais contemporâneos, porque eles são fieis ao relatar o que acontece com uma parcela da sociedade — aprofunda.
Para facilitar o acesso a quem não mora em Pureza, há transporte gratuito para moradores das localidades de Cambiasca, Valão dos Milagres, Colônia, Angelim e Usina Pureza.
Torcedor do Flamengo desde a infância, o jornalista e escritor campista Péris Ribeiro receberá uma homenagem póstuma do clube do coração. Uma foto de Péris vestindo a camisa rubro-negra será exibida no telão do estádio no próximo domingo (27), antes da partida contra o Atlético Mineiro, às 20h30, pela 17ª rodada do Campeonato Brasileiro.
Esta não será a primeira homenagem pública a Péris Ribeiro fora da sua cidade natal. Nessa segunda-feira (21), seu falecimento foi mencionado pelo jornalista Marcelo Barreto durante o programa "Redação", do canal televisivo SporTV. Amigo de Péris, o também jornalista José Trajano, fundador da ESPN Brasil, usou o Instagram para lamentar a sua partida no domingo. Nesta terça (22), Trajano foi um dos convidados do programa "Folha no Ar", da rádio Folha FM 98,3, que teve uma edição especial com relatos de jornalistas que conviveram e/ou foram foram incluenciados por Péris.
Com mais de 50 anos de atuação no jornalismo esportivo, Péris Ribeiro morreu na noite do último domingo (20), aos 80 anos, em Campos. Ele estava internado no Hospital Dr. Beda II, onde tratava pneumonia e um quadro de água na pleura. Durante a carreira, Péris trabalhou nos jornais "A Notícia" e Folha da Manhã, em Campos, tendo se destacado nacionalmente na revista "Placar", a principal do jornalismo esportivo no Brasil. Como escritor, publicou três edições do livro "Didi, o gênio da Folha-Seca", biografia do campista Didi, bicampeão mundial pela Seleção Brasileira. Também escreveu "O Brasil e as Copas" e "Em Cima do Lance", além de ter deixado o livro póstumo "Mensagens da Bola", a ser publicado em parceria com o radialista Elso Venâncio.
Morreu na noite deste domingo (20) um expoente histórico da imprensa de Campos. Biógrafo do também campista Didi, o jornalista esportivo Péris Ribeiro tinha 80 anos e foi a óbito no Hospital Dr. Beda II, onde estava internado desde o último dia 12, tratando uma pneumonia e um quadro de água na pleura. Casado com Graça Jóia Mota, ele não teve filhos, mas deixa órfãs várias gerações da comunicação goitacá, que tanto beberam do seu vasto conhecimento e se alimentaram da impressionante memória, capaz de vencer até um Acidente Vascular Cerebral (AVC), em 2004. O velório acontece na capela do cemitério do Caju, onde será realizado o sepultamento, às 16h desta segunda-feira (21).
Com mais de 50 anos no jornalismo, José Peres Pinto Ribeiro afirmava que escolheu a crônica esportiva por paixão e vocação. Uma vocação, aliás, que não demorou a ser reconhecida. Péris estreou no extinto jornal "A Notícia" no final dos anos 1960, presenciando o auge do Campeonato Campista, com times históricos de Americano, Goytacaz, Rio Branco, Campos Atlético e das usinas de cana-de-açúcar. Em meados da década seguinte, já estava morando em São Paulo e trabalhando na revista "Placar", até hoje considerada a principal do país no gênero. Foi nessa época que conheceu e entrevistou vários dos maiores craques do futebol brasileiro. Considerava seu principal trabalho a cobertura do título paulista do Corinthians em 1977, encerrando o jejum de 23 anos sem uma conquista.
Frequentador do Maracanã desde garoto, Péris Ribeiro era torcedor do Flamengo (inclusive no remo e em outros esportes olímpicos), mas o clubismo não superava seu fascínio pelo futebol-arte. Como não aplaudir também o Santos de Pelé? Ou o Botafogo do seu grande ídolo, Mané Garrincha, a quem exaltava pelos dribles artísticos? Outro "cobra" alvinegro, o conterrâneo Didi acabaria se tornando um amigo e personagem da sua principal obra. Ampliação do livro homônimo de 1993, a segunda edição de "Didi, o gênio da Folha Seca" (2009) rendeu a Péris o Prêmio João Saldanha em 2011, na categoria literatura, com o troféu sendo entregue pela Associação dos Cronistas Esportivos do Rio de Janeiro (Acerj) na sede do Botafogo.
— Ambos nascemos em Campos, e a amizade existia há muitos anos — contou Péris em 2009, numa entrevista ao site da Associação Brasileira de Imprensa (ABI). — O Didi sempre foi extremamente diplomático, mesmo em suas visitas a Campos. Diziam que ele não ia à sua terra, que ele jamais quis receber homenagem nenhuma de lá e aquelas coisas todas. O Didi nunca deixou de ir lá. Eu fui apresentado ao Didi pelo Pinheiro (ex-zagueiro e técnico do Fluminense), e aí a amizade floresceu e fomos amigos pela vida toda, até o Didi falecer — recordou. Nesta segunda-feira, uma matéria sobre o falecimento do jornalista foi publicada no site oficial da ABI.
Como escritor, Péris Ribeiro também publicou uma terceira edição da biografia de Didi, em 2014, além dos livros "O Brasil e as Copas" (1986) e "Em cima do lance" (2001). O interesse pela pesquisa histórica foi o principal fator para que se dedicasse à literatura, mas seu texto (leve e criativo) também continuou a serviço da imprensa, tendo colaborado eventualmente com veículos como "Jornal do Brasil", "Jornal da Tarde", "O Estado de S. Paulo", "Folha de S.Paulo" e "Lance!".
O retorno de Péris a Campos marcou seu ingresso na Folha da Manhã, com o qual possuía relação afetiva, pois era amigo de infância do fundador Aluysio Cardoso Barbosa. Na Folha, fez parte da criação do Troféu Folha Seca, que desde 2000 homenageia campistas com destaque nas suas áreas de atuação. Por sugestão sua, o primeiro homenageado foi Didi, cujo chute mais famoso dá nome à honraria.
Referência na profissão
Durante a extensa trajetória, Péris Ribeiro tornou-se grande amigo de jornalistas do naipe de Juca Kfouri e José Trajano, com os quais mantinha contato frequente. “Estou muito triste, gostava muito dele. Um queridíssimo amigo. Me correspondia muito com ele, por intermédio da Graça, mulher dele. Arrasado aqui", lamentou Trajano, antes de também se manifestar por meio de uma publicação no Instagram: "Tristeza imensa. (...) Amigo do peito e um dos maiores jornalistas esportivos do país".
Em Campos, Péris estimulou e influenciou jornalistas que começavam a se destacar, como Elso Venâncio, Eraldo Leite, Cahê Mota e Wesley Machado. Em parceria com Elso, elaborou recentemente o livro "Mensagens da bola", ainda a ser publicado, com crônicas dos dois. Igualmente incentivado por ele, o radialista Arnaldo Garcia ressalta três paixões do amigo: além da crônica esportiva, a boemia e a música.
— Em 1983, fazíamos incursões pelas concentrações dos times cariocas que vinham a Campos para enfrentar, principalmente, o Americano. Péris me incentivou a escrever e, certa vez, participamos de um concurso de crônicas esportivas, em que ele foi premiado no primeiro lugar, e eu, em terceiro. Um contador de histórias, personagem de uma época em que eu era muito jovem, mas já participava de rodadas de cerveja, ouvindo boa música no Cabana's Bar, do Hotel Planície. Ali, Péris, Ângela Bastos, Del Braga, professor José Nilson e tantos outros se reuniam para conversas sadias, normalmente nas tardes de sábado. Fã de Didi, Péris era presença marcante sempre que o bicampeão mundial vinha a Campos. Com ele, aumentei o meu gosto pela leitura, principalmente pelas histórias do esporte. Como também era apaixonado por música, a Bossa Nova fascinava o meu amigo e fascina a mim, graças a ele — destacou Arnaldo Garcia.
O jornalista Chico de Aguiar fala de Péris como amigo de uma vida inteira.
— Morador da Rua Pedro Tavares, era meu vizinho quando eu vivia a infância na casa dos meus pais, na Rua do Ipiranga. Depois nos tornamos, também, colegas pelo jornalismo, que eu cursei em São Paulo. E a amizade floresceu quando, de retorno a Campos para morar, eu o acompanhei na missão mais relevante do seu trabalho de jornalista: a autoria da biografia de Didi, apelido do também campista Valdir Pereira. "Didi, o craque da Folha Seca" conta a história do mais vitorioso jogador de futebol nascido em Campos, principal jogador brasileiro na vitoriosa campanha da Copa do Mundo de 1958. Foi através de Péris Ribeiro que eu fiz foto com esse gigante do nosso futebol; foto que eu guardo com carinho no meu álbum de ídolos. Depois, foi correr para o abraço ao Péris e permanecer no seu rol de amigos eternos. Mensalmente eu o visitava para o lanche de mesa farta de delícias da culinária, que sua mulher, Graça, e a cunhada Hélia preparavam para me receber. Ah, sim, também estava sempre presente o cunhado Juninho. Era o mundo familiar de Péris, que eu conheci e pude viver na intimidade entre as delícias da gastronomia e papos amistosos — descreveu Chico.
Também amigo de Péris Ribeiro, o professor Ricardo Antônio Machado Alves assistiu com ele a final da Copa do Mundo de Clubes, entre Chelsea e Paris Saint-German, no último domingo (13). "Fui ao Beda visitá-lo. Ele estava fraco, com dificuldade para se alimentar, mas totalmente lúcido. Conversamos, vimos o jogo, e depois me despedi. Um amigo querido, admirável. Uma memória fantástica. Adorava conversar com ele e ouvir seus relatos, suas lembranças", relatou Ricardo.
O vasto conhecimento de Péris foi destacado pelo jornalista Paulo Renato Porto, outro amigo próximo, em postagem no Facebook. "Antes de conhecer o Péris Ribeiro, minha relação com o futebol se restringia a atividades triviais como assistir os jogos, por entretenimento ou dever profissional, ler os jornais e as crônicas do (João) Saldanha e de outros mestres. A convivência com Péris reforçou minha visão do futebol como fenômeno da criatividade de um povo, logo elemento da cultura popular, fonte influenciadora do caráter e do ânimo do brasileiro", comentou Paulo Renato.
Do jornalista Álvaro Marcos Teles veio a recordação de um episódio inusitado, que revela o talento de Péris Ribeiro no ato da apuração. O fato ocorreu em junho de 2007, quando Álvaro e o também jornalista Leandro Nunes tiveram o auxílio de Péris para fazer uma matéria sobre as obras preparatórias do Maracanã para os Jogos Pan-Americanos. Para driblar os seguranças, o mais veterano do trio teve a ideia de se passar por engenheiro da obra, numa atuação digna de Oscar.
— Bem devagar, Perinho percorreu todas as instalações, com nós dois à tiracolo. Apontava para o alto, franzia a testa e gesticulava em nossa direção, como se pedisse para anotarmos algo. O "doutor Perinho" viu tudo, nós fotografamos e publicamos em duas páginas do Na Rede na edição do mesmo mês. Saímos ilesos do Maracanã e com o pessoal da obra ainda perguntando o que ele tinha achado. Perinho fez o gesto com os dedos indicadores em círculo, indicando que o resultado da vistoria ficaria pronto depois. Foi um tal de "doutor pra cá", "doutor pra lá...". Saímos e fomos comemorar a façanha, com muitos chopps, no Petisco da Vila. Esse foi Péris Ribeiro, genial sem dar uma palavra — relatou Álvaro.
Em nota, a Associação de Imprensa Campista adjetivou Péris Ribeiro como um "profissional de talento e dedicação ímpar, que deixa um legado inestimável para o jornalismo e a memória do esporte brasileiro".
— Sempre se destacou por seu compromisso em preservar e contar, com sensibilidade e rigor histórico, as trajetórias que marcaarm o nosso esporte. Seu trabalho não apenas resgatou momentos fundamentais do futebol brasileiro, mas também inspirou gerações de jornalistas e amantes do esporte. Neste momento de dor, expressamos nossa solidariedade aos familiares, amigos e colegas de profissão, certos de que sua contribuição jamais será esquecida — diz um trecho da nota.
Brilhante como um Garrincha e criativo como um Didi, Péris fez das páginas o seu campo. Recluso nos últimos anos de vida, se despediu com a suavidade de um Tom Jobim.
Casarão Centro Cultural fica no número 17 da Rua Salvador Corrêa
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Foto: Divulgação
Nos últimos anos, parte da demanda cultural de Campos passou a ser preenchida por espaços e coletivos independentes, como Santa Paciência, Casa Afroraiz, Varanda Amarela, Ateliê Matheus Crespo, Casa de Cultura Bruno Black, Espaço Kátia Macabu, entre outros. A lista será ampliada neste domingo (20), com a criação do Casarão Centro Cultural. Voltado a promover encontros tendo a arte como ponto de partida, o empreendimento funcionará em uma bela casa histórica, no número 17 da Rua Salvador Corrêa, no Centro. A entrada é gratuita.
Neste domingo, a programação de inauguração começa com um aulão de yoga, ministrado por Madan Monteiro, às 10h. Das 10h às 20h, haverá a exposição "Gabinete de curiosidades", com objetos do designer gráfico, fotógrafo e pesquisador Leonardo Vasconcelos, além de um flash day com o tatuador Tiago Cabral (TC). Os DJs Luisa Lopes, Lydia Tucci e Antuncio estão responsáveis pela parte musical, se dividindo em apresentações de três horas, cada, entre 11h e 19h. O espaço conta com café e área infantil.
Entre os responsáveis pelo Casarão Centro Cultural, estão a atriz e professora Maria Siqueira, atual coordenadora da licenciatura em Teatro do Instituto Federal Fluminense (IFF) campus Campos Centro; o empresário Luiz Fernando Manhães; os chefes de cozinha Gabriel Rangel e Mateus Pessanha; os professores Rcardo Leite e Janaina Nascimento, proprietários da Escola Científica; e os produtores culturais Antônio Carvalho e Bárbara Lobo.
Aulão de yoga abre as atividades neste domingo
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Foto: Alcimere Siqueira
Duplas campeãs do Super Desafio nas categorias ouro e prata
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Fotos: Divulgação
Com tradição no tênis e uma grande quantidade de praticantes do beach tennis nos últimos anos, Campos passou a ter adeptos de um novo esporte com raquete. No último dia 6, o ginásio do campus Centro do Instituto Federal Fluminense (IFF) sediou o Super Desafio de Pickleball, primeiro torneio desta modalidade no município.
O evento reuniu 20 atletas, divididos em duas categorias. Pela ouro, destinada a duplas de nível intermediário, Fábio Muniz e Gilberto Navarro venceram Guilherme Teller e Louhana Barreto na final. Já na prata, para iniciantes, o título foi de Flávio Pessica e Paulo Peixoto, enquanto Juan Gonçalves e Victor Paes ficaram com a segunda colocação.
Tenista e um dos maiores divulgadores do beach tennis em Campos, o professor de história Thiago Navarro também aderiou ao pickleball. "É ainda tudo novo e com poucos praticantes, mas o esporte tem grande potencial de crescimento", afirma. Atualmente, uma equipe campista se prepara para disputar o 3º Campeonato Latino-Americano, de 15 a 17 de agosto, em Governador Valadares/MG.
Criado em 1965, nos Estados Unidos, o pickleball tem crescido em alguns países desde a pandemia da Covid-19. Uma das razões é a possibilidade que o esporte seja praticado tanto em ambientes fechados quanto ao ar livre. No Brasil, estima-se que cerca de 15 mil pessoas pratiquem a modalidade. Uma confederação nacional foi criada em 2024 e já conta com representantes de 22 federações estaduais. Também no ano passado, o país alcançou as quartas de final da principal categoria da Copa do Mundo, realizada no Peru. Já neste ano, foi criada a Liga Supremo, primeira competição profissional em solo brasileiro.
Numa explicação básica, o pickleball pode ser descrito como mini tênis, por ser disputado numa quadra menor que a do esporte mais famoso, tanto no formato simples quanto em duplas. Além do próprio tênis, também possui elementos do tênis de mesa e uma rede similar à do badminton. As raquetes são de madeira, grafite ou fibra de carbono, enquanto a bola, vazada, é feita de plástico.
Duplas vice-campeãs das categorias ouro e prata
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Fotos: Divulgação
Chico César voltou a se apresentar em Campos após quase 24 anos
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Foto: Rodrigo Silveira
“Já estive em Campos. Participei de um projeto num parque, numa tarde de muito calor. Lembro bem dessa tarde, provavelmente de 2000 para cá”. Foi com essa recordação que o cantor e compositor Chico César finalizou a entrevista concedida ao blog na noite da última sexta-feira (11), antes do show realizado no Teatro Firjan Sesi Campos. Ele se referia a uma apresentação em 9 de dezembro de 2001, no Jardim São Benedito, integrando a programação do projeto "Viva Melhor, Viva Música". Quem viveu aquele início de tarde quente tem agora a impressão de que, quase 24 anos depois, o tempo não passou para o artista paraibano.
Hoje com 61 anos, Chico César mantém não só a memória aguçada, mas também a vitalidade, a visão crítica, o bom humor e a potente musicalidade. Essas características lhe possibilitam fazer a turnê "Aos Vivos', sozinho no palco, executando o repertório do álbum que lhe tornou conhecido nacionalmente, em 1995. Sucessos de outras fases da carreira complementam os shows. Entre os momentos da sua volta a Campos, um dos mais simbólicos foi o em que ele empunhou o violão como se segurasse uma arma, num gesto de defesa da soberania brasileira por meio da cultura. Em meio à agenda cheia e ao engajamento com pautas sociais, ainda resta um tempo para acompanhar as notícias do seu Botafogo.
Blog do Matheus Berriel — Nessa turnê, você celebra os 30 anos de “Aos Vivos”, seu primeiro álbum. Como tem sido revisitar essa fase inicial da carreira?
Chico César — Esse disco foi gravado em voz e violão, na Sala Funarte (Guiomar Novaes) de São Paulo, em 1994, e lançado em 1995. É um disco improvável para o começo de uma carreira, porque foi ao vivo, com um autor até então desconhecido. Mas ele me fez circular a partir de São Paulo, Rio de Janeiro, para outras capitais, como Salvador, Recife... É um disco que me tornou conhecido do meio artístico. Gerou interesse de cantoras como Daniela Mercury, Elba Ramalho, Maria Bethânia, gravarem coisas minhas. Foi um bom disco de chegada. Eu tive a sorte de, no primeiro disco, apesar de não ter sido um sucesso comercial, já ter vendido bem. Mas o mais importante foi que ele me apresentou como artista. O disco seguinte, "Cuzcuz Clã” (1996), que no ano que vem vai fazer 30 anos, já foi um disco de estúdio, com banda, e vendeu três ou quatro vezes mais do que o primeiro. Então, voltar a esse começo é muito legal, porque dá uma dimensão de uma trajetória do artista. Eu venho dessa realidade dos pequenos teatros. Na verdade, um teatro com 180 lugares era o meu objetivo máximo. Eu almejava um dia tocar em um teatro como esse. Depois, a gente extrapolou, foi para plateias muito grandes, mas eu sinto que esse disco ("Aos Vivos") tem a essência do trabalho. Acho que o público sente isso também.
Um ponto interessante da sua trajetória é que, antes de migrar profissionalmente para a música, você foi jornalista. De que forma isso ocorreu?
— Na verdade, com nove anos eu já estava na música; nunca me afastei. Eu fui para o jornalismo aos 16, para ter uma base de sobrevivência, porque eu não queria fazer qualquer música. Com 14 anos, eu senti que estaria muito ligado à música para o resto da vida. Então, entendi que eu precisava ter uma outra profissão para me sustentar, para não ter que fazer qualquer música só para sobreviver. Foi aí que eu conversei com amigos mais velhos que faziam jornalismo. Fiz um vestibular com 16 anos, entrei (na Universidade Federal da Paraíba) com 17, porque sou de janeiro, e então o jornalismo passou a ser a minha fonte de sobrevivência. O jornalismo entrou na minha vida para pagar os boletos durante um tempo, e funcionou super bem. Trabalhei como jornalista durante 10 anos, mas sempre fazendo a música que eu queria. Até que eu senti que, fazendo essa música que eu queria, eu ia conseguir sobreviver; talvez com mais dificuldade do que trabalhando com o jornalismo, mas já era hora. Eu estava chegando perto dos 30 anos. Quando "Aos Vivos" saiu, eu já tinha 31.
Muito se fala que, mesmo quando deixa de atuar, um jornalista nunca perde o faro característico da profissão. Isso te ajudou na música de alguma forma?
— O jornalismo aguçou o meu olhar crítico sobre a vida. Eu já tinha isso na música, mas acho que o jornalismo dá isso e ajuda a observar, a esperar as coisas acontecerem e a ouvir o outro. Acho que jornalismo é isso: ouvir, ouvir, ouvir. Isso enriqueceu a minha música também. Se eu levei da música para o jornalismo um espírito mais inquieto, eu trouxe do jornalismo um olhar mais crítico.
Você está vestindo uma camisa do Palestino, time de futebol do Chile, e é torcedor declarado do Botafogo. O que achou da campanha do Botafogo na Copa do Mundo de Clubes?
— Eu ganhei uma camisa do Palestino num show que fiz lá no Chile. Eles têm várias comunidades, dividem assim a administração, e um prefeito comunista me deu uma camisa do Palestino. Essa já é a segunda que eu tenho. Sobre o Botafogo, eu acho que foi muito bem! Depois que ele foi campeão da Libertadores, muita gente ficou desacreditada quando começaram a vender alguns jogadores: "Poxa, acabou o Botafogo". Mas, de repente, o Botafogo chega e faz uma campanha brilhante no Mundial de Clubes, bastante legítima, vencendo o PSG. Isso mostra que o Botafogo tem muito chão pela frente. Mesmo mexendo, perdendo peças importantes do elenco, uma base de pensamento do time se mantém. A gente vai para chegar entre os primeiros em todas as disputas que tiver pela frente, este ano e no próximo.
Sua torcida pelo Botafogo vem da infância?
Sim, vem da infância. Eu era muito fã do Jairzinho, que jogava no Botafogo. Fui fã daquele time (dos anos 1970) que tinha Marinho de lateral-esquerdo, Wendell de goleiro... Meu time de botão era o Botafogo. Por causa do Botafogo eu passei a torcer pelo Botafogo da Paraíba, e não pelo Campinense ou o Treze. Na Paraíba, era o Botafogo da estrela vermelha. Então, é desde sempre! Tive oportunidade de encontrar o Jairzinho numa pizzaria do Rio de Janeiro e falar para ele: "Meu cabelo black power não é por causa do Jimi Hendrix, é por sua causa”. Ele achou engraçado (risos).
Chico César voltou a se apresentar em Campos após quase 24 anos
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Foto: Rodrigo Silveira