Bruno Calil: "Pai e mãe vão perder filho e filho vai perder pai e mãe""
Aluysio Abreu Barbosa, Cláudio Nogueira, Gabriel Torres e Hevertton Luna 12/07/2025 08:19 - Atualizado em 12/07/2025 08:19
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“Pai e mãe vão perder filho e filho vai perder pai e mãe”. Foi o que disse o médico e ex-candidato a prefeito de Campos, Bruno Calil, entrevistado nesta sexta-feira (11) no programa Folha no Ar da rádio Folha FM 98,3. Ele comentou a crise na saúde pública de Campos, causada pelo corte no cofinanciamento estadual, decretado pelo presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar, enquanto governador em exercício. Bruno também analisou a exoneração de Washington Reis da secretaria de Transportes do Estado por Bacellar e as consequências para o político de Campos, que é pre-candidato a governador em 2026. Para ele, sem o apoio de Reis na próxima eleição, Bacellar não conseguirá chegar sequer ao segundo turno. Por fim, projetou as disputas a presidente, senador e deputado.
Falta de repasses à saúde – “Isso é de uma irresponsabilidade sem precedentes. Vai morrer gente, mãe vai perder filho, pai vai perder filho, filho vai perder pai. Porque não tem como atender essa população toda sem o cofinançamento. Hoje, na medicina de alta complexidade na região, só tem Campos.”
Consequências – “Isso tem que ser revisto o mais rápido possível. Não devemos politizar saúde, que é um tema muito sensível. Pessoas vão perder seus familiares, vai morrer gente, vai morrer criança, vai morrer adulto. Isso não se faz, não tem condições.”

Politização da saúde – “Deveriam esquecer um pouco a política e não politizar a saúde. Saúde é uma responsabilidade muito grande. Como eu sempre falo e falei aqui, é a vida de outras pessoas que vai botar em risco, são mães que vão perder seus filhos, pais que vão perder seus filhos, seus entes queridos. E não tem como. Tem que sentar e rever isso o mais rápido possível.”

Complexidade dos atendimentos – “Um paciente internado é uma complexidade muito grande. É a hotelaria que precisa, pois cada paciente precisa de um tipo de alimentação, cada paciente precisa de um tipo de medicamento. Então é muito complexo a saúde. Sem esse financiamento não tem como, porque não tem como comprar essas coisas.”

Motivo do corte – “O motivo que todos nós sabemos, é politico. Porque Wladimir não declarou apoio a Rodrigo, que é pré-candidato ao governo do Estado. Wladimir já declarou que não vai apoiar ele, vai apoiar outro candidato. Por briga política, foi cortado esse financiamento.”

Posição do Cosems-RJ – “Isso é uma manifestação legítima e correta. Eles têm que realmente ir em cima do governo do Estado, ter uma solução o mais rápido possível. Porque, como eu falei, Vai morrer gente. Vai morrer criança, vai morrer idoso, vai morrer gente. Não tem como fazer saúde dessa forma.”

Crise na prática – “Você vai passar um soro no paciente, a medicação, e não tem. E aí, vai fazer o que? Atender é de menos, você vai atender, mas não tem como tratar. Você vai internar esse paciente, quero passar a dieta desse paciente, essa dieta não tem. Bota noradrenalina lá, faz uma tomografia aqui. Não tem. Não tem porque não tem recurso para comprar. Não tem dinheiro. Vai fazer o quê? O médico vai ficar ali impotente. Ver esse paciente morrer na frente dele sem não ter o que fazer.”

Falta suporte na região – “Isso é muito grave. As pessoas não têm noção da gravidade disso. Já trabalhei nesses municípios do entorno aqui todos. Lá não tem medicina de alta complexidade não. Tudo é Campos.”

Campos é referência – “Se você cair de moto em São João da Barra aqui, você vai vir pra Campos. A ambulância pega lá, vai te trazer pra Campos para ter noção. Chegou ali, o cara quebrou um úmero, quebrou um fêmur. Chega ali, vamos fazer uma cirurgia, cadê o material? Não tem material. Como é que faz isso com os pacientes? Não tem como.

Bacellar sem dimensão – “Quando ele fez isso lá atrás, com certeza foi para gerar desgaste. Ele não tinha noção da proporção que isso ia tomar, do meu ponto de vista. Ele fez isso para desgastar Wladimir, achando que Wladimir ia tirar dinheiro de outro lugar para botar na Saúde. Mas vai gerar um desgaste grande pra ele.”

Com os pés pelas mãos – “Ele não tinha essa noção técnica do que iria acontecer, com esse tamanho e tomar essa proporção toda, que ia morrer gente, que não tem condições, que saúde não pode esperar, que emergência não se espera. Ele não tinha essa noção, mas agora, cabeça dura, ele já viu a merda que fez, tem que voltar atrás. Mas ele não volta.”

Plano para desgastar – “Na cabeça dele, só ia desgastar politicamente Wladimir, como começou a fazer, em Campos e região. Ele entra em ascensão e Wladimir ia se virar aqui, ia tirar dinheiro de abrigo, da educação, um pouquinho daqui e dali.”

Chance de diálogo – “Rodrigo é cabeça dura. Ele não vai voltar atrás, não. Só se o Wladimir ligar para ele, ir atrás e ele atender, que ele não atende ninguém. Não tem como. Wladimir não vai procurar, vai ficar nesse impasse e as pessoas a ver navios.”

Sem apoio de Wladimir – “Não vai ter solução política, porque até onde eu sei Wladimir não apoia Rodrigo de jeito maneira, já foi até para o pessoal dos dois. Não tem como ele apoiar Rodrigo. Então de forma política não vai conseguir resolver.”

Governador de fato – “Nenhum prefeito da região vai ter coragem de chegar pra ele, peitar ele, falar com ele. O governador do Estado hoje, na verdade, é Rodrigo. O Judiciário vai ter que entrar e resolver isso. Porque não tem como ficar.”

Falta conselheiro – “Ele não tem amigo ao lado dele, tem puxa-saco. Não tem ninguém que fala, olha, vai dar merda, não pode fazer isso por causa disso, vai morrer gente. Não tem. Conheço todo mundo que está lá. Não tem essa pessoa que vai falar isso. Não tem ninguém lá que sabe de parte técnica de saúde, que fala, rapaz, isso aqui não se faz.”

Pré-candidatura de Bacellar – “Se o Rodrigo estivesse sentado na cadeira, isso é do ser humano, a vaidade não deixa, não vai deixar ele recuar. Ele é vaidoso, vai estar governador, vai achar que vai ganhar e vai vir. É meu ponto de vista.”

Vaga no TCE – “Ele falava que queria ser conselheiro, que era o sonho dele, antes dele ser deputado estadual. Depois que virou deputado estadual, nunca mais falou isso. Se você parar para analisar, ele como deputado nunca falou isso. Ele falava antes de se eleger, em 2018, a deputado.”

Cozinha de Bacellar – “É o entorno de Rodrigo. É como se falasse a cozinha do político, que bota isso na cabeça. Fala que ele vai, vai virar. O cara acaba comprando isso. Essa loucura, como diz um amigo meu. Quando você faz uma nominata de vereador, de 26 candidatos, os 26 falam que estão eleitos e vão ganhar.”

Falta rua para Rodrigo – “Rodrigo é muito bom de política interna. De política de rua, ele não é bom. Quando vai para o outro lado do balcão, ele não é bom nisso. Você vê que Rodrigo quando está governador do Estado vem em Campos, você nem sabe que ele está aqui.”

Bacellar perde eleição – “Arrisco dizer que não vai nem pro segundo turno. Pode anotar e depois me cobrar.”

Exoneração – “Cláudio Castro, ao que tudo indica, é meio frouxo, digamos no popular. Ele não ia exonerar o Washington. Ele ia levando o Washington ali. Não ia ter coragem de fazer isso. Se não foi já premeditado com o Rodrigo. Eu vou sair e vocês exoneram o Washington, que eu não vou exonerar não.”

Flávio Bolsonaro – “Flávio, acho que é o filho de Bolsonaro que tem mais senso, que é mais acessível, tem mais senso, mais pragmático e a coisa que ele tem é gratidão. Pode ter certeza que isso lá na frente vai respingar. Ainda mais se o Washington puder ser candidato. O candidato dele vai ser o Washington, não tenho dúvida disso.”

Combinado entre Reis e Castro – “O combinado dele com o Cláudio Castro não é apoiar a sucessão dele, o combinado dele era eleição de 2022, que ele cumpriu, apoiou o Cláudio Castro. Realmente apoiou, teve na rua, o combinado foi esse. Não tinha combinado nenhum para 2026. Segundo que Washington fala a interlocutores, não tinha esse trato de apoiar a A, B ou C em 2026.”

Reis e Paes – “Se o Washington é liberado, vem com o Eduardo Paes e vem candidato a senador ali, pega o mandato de senador. É uma possibilidade. Vou ser o senador do grupo seu, e realmente ele tem grandes chances de ganhar, fica lá oito anos em Brasília, um foro privilegiado. Possa ser que seja sim.”

Jogo da família Reis – “A eleição de 2026 passa pelo Washington Reis, pela Baixada. A genialidade política de Washington e da família dele é inegável. Eles são muito inteligentes. Eles estão botando Rodrigo na roda”

Reis a senador – “Acho que Washington quer a vaga de senador no grupo de Eduardo Paes.”

Reis contra Bacellar – “Acho que o Washington tira voto muito mais de Bacelar do que de Eduardo Paes. A maioria da votação de Washington é na Baixada e interior. Ele puxa Wladimir e é onde Eduardo Paes vai mal. Então ele vai tirar muito mais voto de Bacelar do que de Paes, certo? Acho que Eduardo Paes, se ele for vice de Lula, vai ser um erro. Mas caso ele for vice de Lula, o candidato passa a ser o Washington sim, eu não tenho dúvida disso.

Washington dita ritmo – “Tenho certeza disso. Ele está tocando a bola pro lado, botando todo mundo no bobinho. É o que o Washington está fazendo, ele que está ditando o ritmo de tudo. Você vê que ele não se estressa com nada, a entrevista dele sempre serena, sempre mostrando que está trabalhando, continua trabalhando, como se nada tivesse acontecido. Não tenho dúvida disso, que ele que está editando o ritmo de tudo.”

Sem pensar – “O Rodrigo já é um cara muito intempestivo e ele viu que perdeu o Washington. A vaca está indo pro brejo, ele está atacando. Está agindo com o fígado. Não tem outra coisa pra fazer, ele vai fazer o quê? É o jeito dele, é o estilo dele. Não consegue mudar isso. A eleição dele foi para o brejo ali, com o Washington Reis, perdendo a Baixada.”

Eleição a governador – “Acho que o Eduardo Paes ganha no primeiro turno. Baseado em pesquisa que a gente vê na rua. Pesquisa é uma ciência. Na última pesquisa que eu vi, ele estava com 58% de intenção de voto. E Rodrigo, 10%. Hoje dá primeiro turno. Quando vai para os votos válidos, ele vai aumentar mais ainda isso. Então hoje dá primeiro turno. Mas a política é muito dinâmica, muda muito.”

Senado – “Se Eduardo Paes botar a mão em Washington, você vai me apoiar. E, no acordo, você vai ser o senador da minha chapa. Tem grande chance de ganhar para o Senado. E como é o Cláudio Castro também, se ele for o candidato a senador na chapa de Rodrigo, tem grande chance. Eu acho que vai ficar entre o candidato de Eduardo Paes e o candidato do governo a segunda vaga.”

Garotinho – “Acho que se o Washington Reis for candidato a governador, ele bota Garotinho de candidato a deputado na vaga de Thiago Virgílio. E Bruno Dauaire vai ficar com Wladimir? Vai ficar com Rodrigo? Porque está meio estranho isso. O que acontece? Nesse brigueiro todo, Bruno hoje é secretário de Estado. Se ele não estivesse com o Rodrigo, o Rodrigo já tinha exonerado ele.”

Eleição a deputado – “Acho que dá para fazer dois federais e três estaduais. Na eleição passada, no meu ponto de vista, Wladimir cometeu um erro político. Dar 48 mil votos a Bruno. Ali ele tinha que eleger dois estaduais, apertando três. Acho que ele não deve cometer esse erro.”

Direita para 2026 – “Primeiro a direita tem que ver quem vai ser o candidato. Bolsonaro não vai ser, porque ele está inelegível. Tarcísio tem uma reeleição a governador de São Paulo, um estado estratégico, bem encaminhado. Ele vai largar isso pra vir pra cá? E se perder a eleição presidente, perder São Paulo também.”

Intromissão de Trump – “Foi um tiro no pé da direita. Trump se envolver em política aqui, falar que Lula fez isso e aquilo. Tiro no pé da direita. Vai jogar Lula pra cima. Só vai ajudar Lula. Ele vai se fazer de vítima, vai atingir a população brasileira.”

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