Moradores de Quilombo alegam falta de ambulância em protesto após bebê morrer engasgado
Júlia Alves 19/11/2025 11:00 - Atualizado em 19/11/2025 13:41
Reprodução Redes Sociais - Montagem Folha da Manhã
Moradores da localidade do Quilombo, próximo a Dores de Macabu, distrito de Campos, realizaram, na manhã desta quarta-feira (19), um protesto na RJ 180, na localidade alegando falta de socorro após o falecimento de um bebê de dois meses que havia passado mal e se engasgado. Segundo moradores da localidade, não havia ambulância na Unidade Básica de Saúde (UBS) para socorrer a criança, identificada como Lunna. O local chegou a ficar interditado em meia pista e o Batalhão de Polícia Rodoviária (BPRv) esteve no local acompanhando a manifestação, assim como a Polícia Militar.
De acordo com informações apuradas com moradores de próximo do local, a criança chegou a ser atendida na UBS, mas não resistiu. No local, ficaram sabendo que a não havia ambulância próximo, pois o veículo estaria sendo utilizado para levar um paciente para o Espírito Santo. Ainda segundo a comunidade, a situação de falta de ambulâncias na localidade é recorrente já que, ainda segundo os moradores, a única UBS que tem ambulância até então é a de Dores de Macabu. 
"Uma criança de dois meses engasgou e quando foi ver uma ambulância para socorrer a criança, já foi tarde, a criança veio a óbito. As enfermeiras da UBS do Quilombo fizeram todos os procedimentos, mas infelizmente a criança faleceu. Hoje está tendo uma manifestação em prol desse caso", contou uma pessoa que mora em Ponta da Lama, próximo de Quilombo.
Em um vídeo divulgado nas redes sociais, moradoras de Quilombo pedem para que a unidade da localidade tenha a própria ambulância e pedem também por justiça à Lunna. Elas destacam que, assim como a bebê necessitou de socorro, qualquer outra pessoa pode necessitar e não ter veículo disponível.
"A gente tem o direito de ter nossa própria ambulância. Como Dores tem a sua ambulância, o Quilombo também precisa ter uma. Então, todas nós não estamos lutando só pela Lunna, estamos lutando pelo nosso direito. Porque não só ela, poderiam ser outras pessoas, outras crianças. A gente precisa da ambulância pra gente. Somos todos moradores do Quilombo. Queremos ambulância", destacou uma moradora em vídeo.
"Hoje é o velório da luna. Mas em 2015 foi o velório do meu pai por falta de ambulância em Dores de Macabu. O choro que a família aqui do Quilombo está tendo, eu tive lá no Jardim Alegria por falta de ambulância. Meu pai está morto", relatou outra moradora que está na manifestação, ressaltando que a situação acontece há anos.
"Hoje o Quilombo está à mercê. Sem recurso e pessoas morrendo. Hoje uma criança de um mês morreu por falta de recurso. Então a gente quer resposta. O meu pai, de madrugada, precisei chamar a ambulância com uma varize esofagiana rompida, vomitando sangue e não teve ambulância para socorrer. Então não é só a Lunna, não é só o pai dessa moça que acabou de falar, mas é a comunidade que precisa de recursos públicos", apelou outra moradora.
Ainda segundo uma pessoa que mora em Ponta da Lama, em sua localidade também está sem ambulância há quase dois anos e apenas a ambulância de Dores atende às demais localidades quando necessário.
"Um ano e nove meses que a UBS de Ponta da Lama, que fica próximo a Quilombo não tem ambulância. E a UBS de Quilombo não tem mais ambulância, só a UBS de Dores de Macabu para atender essas localidades", contou.
A Folha entrou em contato com a Prefeitura de Campos para saber mais detalhes sobre o caso e um posicionamento sobre a suposta falta de ambulância. Em nota, a Secretaria de Saúde lamentou a morte do bebê, disse que se solidariza com a família e esclarece o atendimento.
"A criança foi levada à UBS, recebeu todo atendimento pela equipe de plantão. Em seguida foi levada em um carro particular, acompanhada de uma agente comunitária de saúde, mas faleceu a caminho de uma unidade de urgência e emergência. A ambulância da UBS, no momento do ocorrido, estava em outro atendimento, que está sendo apurado pela Secretaria de Saúde", informou.
Questionada novamente sobre a situação da falta de ambulâncias, a Secretaria Municipal de Saúde informou que estão em andamento dois processos voltados à aquisição de novas ambulâncias, com o objetivo de atender às demandas do município.
"Em relação à ambulância da UBSF de Ponta da Lama, o veículo foi encaminhado para a oficina após apresentar falhas mecânicas. A orientação aos moradores é que, em situações de urgência e emergência, o atendimento deve ser solicitado por meio do número 192", finaliza a nota.

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