Felipe Manhães
25/06/2025 12:32 - Atualizado em 25/06/2025 12:32
Felipe Manhães
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A creatina é um suplemento alimentar bastante consumido no Brasil, principalmente pelos praticantes de atividades físicas intensas.
Assim como muitos produtos processados, o consumidor não consegue saber se aquilo que está comprando é realmente creatina, por isso, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) analisou 41 produtos disponíveis no mercado brasileiro. Eles são comercializados por 29 fabricantes diferentes. Essa avaliação foi feita para verificar a regularidade não só do teor de creatina informado, mas a adequação de rotulagem e presença de matérias estranhas.
As análises foram realizadas pelo laboratório do Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Nelas, foi realizado um levantamento das creatinas mais vendidas no mercado brasileiro, a maior parte em embalagens de 300 gramas, que é a mais comum. A coleta de amostras foi realizada no segundo semestre de 2024, nas empresas fabricantes de suplementos. Apenas no estado do Rio de Janeiro as amostras foram coletadas pela Vigilância Sanitária estadual no mercado varejista. Os outros estados participantes foram São Paulo, Santa Catarina, Paraná e Espírito Santo, seguindo a concentração de mercado nesses estados.
A análise apontou um resultado de regularidade em relação ao teor de creatina esperado para esses produtos, sem variações que pudessem caracterizar infração sanitária. Dos 41 produtos, apenas uma marca possuía teor de creatina abaixo do previsto no regulamento de suplementos.
Para estar adequado, o teor de creatina não pode ter variação maior que 20% em relação ao declarado na rotulagem nutricional, além de atender o valor de referência para este nutriente, que é de 3.000 mg.
Os resultados mostram um cenário diferente daquele encontrado em levantamentos do próprio setor produtivo, em períodos anteriores. A diferença entre os resultados pode indicar uma autorregulação do mercado entre as análises feitas no período de 2022 a 2024. Ou seja, alguns fabricantes podem ter ajustado seus processos produtivos após os resultados iniciais divulgados pelo setor.
A análise de laboratório também buscou a presença de matérias estranhas nos produtos analisados. Neste quesito, todas as marcas tiveram resultado satisfatório.
Em relação à rotulagem, incorreções foram verificadas. Dos 41 produtos, 40 traziam rótulos com algum erro de informação ou alguma incorreção.
De acordo com a regulamentação de suplementos, as normas da Anvisa, e o Código de Defesa do Consumidor, esses produtos devem atender a requisitos específicos de rotulagem, que são importantes para a correta orientação do consumidor.
Foi verificada a apresentação de alegações não previstas, ou seja, o rótulo atribuía ao produto propriedades que não são autorizadas para a creatina, inclusive com alegações incorretas em língua estrangeira. Além disso, o uso de palavras ou imagens que podem induzir o consumidor a uma informação incorreta ou insuficiente sobre o produto; Tabela de informação nutricional fora do padrão e não declarada no mesmo painel da lista de ingredientes; Frequência de consumo não declarada; Número de porções da embalagem não declaradas na tabela de informação nutricional e tabela nutricional sem as quantidades de açúcares totais e açúcares adicionados.
Essas incorreções de rotulagem poderão gerar ações de notificação aos fabricantes.
No Brasil, os suplementos alimentares são regulados pela Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) 843/2024 e pela Instrução Normativa (IN) 281/2024, que determinam que os suplementos devem ser notificados à Anvisa para serem comercializados. A partir de 1º de setembro de 2025, todos os suplementos que já estavam no mercado, mesmo antes da publicação da norma, deverão estar regularizados na Agência.
A única amostra com erro de teor de creatina está em processo administrativo e de apuração, o que não permite a divulgação da marca neste momento.
As marcas analisadas e os resultados podem ser conferidos no site da Anvisa.